São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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SOCIEDADE

Oposição quer evitar ascensão de outro democrata

Republicanos querem saída já de governador que afirmou ser gay

RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

Políticos republicanos exigiram ontem que o governador de Nova Jersey, o democrata James McGreevey, deixe o cargo imediatamente. McGreevey anteontem disse em público que era gay e anunciou que, por isso, renunciaria em novembro próximo.
A razão do pedido oposicionista não é a sexualidade de McGreevey, mas a estratégia política por trás da data da futura renúncia -15 de novembro.
Segundo a Constituição do Estado, se deixar o cargo antes do dia 3 de setembro, uma nova eleição teria que ser convocada para a escolha de seu sucessor. Após a data, o cargo irá para o atual presidente do Senado local, o também democrata Richard Codey.
"Tenho em minha companhia hoje líderes republicanos para juntos pedirmos que o governador faça a coisa certa", declarou o senador estadual Joseph Kyrillos Jr., líder republicano local.
Ele pediu que McGreevey "vá além do que fez ontem [anteontem], e renuncie agora". "Suspeito que haverá outras histórias estranhas nos dias e semanas por vir", disse. "Histórias que tornarão muito difícil para ele executar as obrigações do cargo."
"A população do Estado tem o direito de escolher seu governador. E eles deveriam poder fazê-lo nas eleições de novembro próximo", declarou o republicano.
McGreevey anunciou a renúncia anteontem após reconhecer ter mantido um relacionamento extraconjugal com outro homem. Pediu perdão à mulher e disse que decidira deixar o cargo pelo fato de o caso e o segredo sobre sua condição terem deixado sua função numa posição vulnerável. "Minha verdade é que sou um gay americano", disse.
Uma porta-voz do governador disse ontem que o Partido Republicano estava tentando usar a situação, agora, com objetivos políticos. "É uma pena que façam jogos políticos com uma decisão profundamente pessoal", afirmou. "Ele tomou a decisão [de sair em novembro] para permitir uma transição ordeira."
Sem entrar em detalhes, o governador havia dito anteontem que o fato de ter ocultado sua sexualidade dava margem a "fofocas, falsas acusações e ameaças".
Segundo o jornal "New York Times", o amante de McGreevey era um funcionário do governo estadual, o poeta Golan Cipel, contratado em 2002 como assessor para o Departamento de Segurança Interna local. Seu salário anual era de US$ 110 mil.
Cipel, que deixou o governo meses depois de ser contratado, teria chantageado McGreevey, exigindo dinheiro para não levar adiante um processo acusando o governador de assédio sexual.
O "New York Times" afirma que o escritório de McGreevey ligou para o FBI (a polícia federal) na quinta, dizendo que Cipel teria exigido US$ 5 milhões para não levar adiante o processo.
O assessor foi contratado em 2002 para uma posição recém-criada, sem anúncio oficial. O diário nova-iorquino trouxe ontem matéria de capa em que questiona a nomeação de Cipel, afirmando que, sexualidade à parte, "o homem que seus auxiliares afirmam ter sido seu amante estava na folha de salários do Estado".
A administração de James McGreevey tem sido marcada por acusações de favorecimentos políticos e financeiros.
No ano passado, dois assessores seus foram acusados de usar os respectivos postos políticos para conquistar negócios para suas empresas. Neste ano, um tesoureiro de campanha democrata e ex-colega de classe do governador no colégio foi acusado de tentar extorquir dinheiro de doações de um fazendeiro em troca de ajuda na venda de suas terras.


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