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SOCIEDADE
Oposição quer evitar ascensão de outro democrata
Republicanos querem saída já de governador que afirmou ser gay
RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK
Políticos republicanos exigiram
ontem que o governador de Nova
Jersey, o democrata James
McGreevey, deixe o cargo imediatamente. McGreevey anteontem
disse em público que era gay e
anunciou que, por isso, renunciaria em novembro próximo.
A razão do pedido oposicionista
não é a sexualidade de McGreevey, mas a estratégia política por
trás da data da futura renúncia
-15 de novembro.
Segundo a Constituição do Estado, se deixar o cargo antes do
dia 3 de setembro, uma nova eleição teria que ser convocada para a
escolha de seu sucessor. Após a
data, o cargo irá para o atual presidente do Senado local, o também
democrata Richard Codey.
"Tenho em minha companhia
hoje líderes republicanos para
juntos pedirmos que o governador faça a coisa certa", declarou o
senador estadual Joseph Kyrillos
Jr., líder republicano local.
Ele pediu que McGreevey "vá
além do que fez ontem [anteontem], e renuncie agora". "Suspeito que haverá outras histórias estranhas nos dias e semanas por
vir", disse. "Histórias que tornarão muito difícil para ele executar
as obrigações do cargo."
"A população do Estado tem o
direito de escolher seu governador. E eles deveriam poder fazê-lo
nas eleições de novembro próximo", declarou o republicano.
McGreevey anunciou a renúncia anteontem após reconhecer
ter mantido um relacionamento
extraconjugal com outro homem.
Pediu perdão à mulher e disse que
decidira deixar o cargo pelo fato
de o caso e o segredo sobre sua
condição terem deixado sua função numa posição vulnerável.
"Minha verdade é que sou um gay
americano", disse.
Uma porta-voz do governador
disse ontem que o Partido Republicano estava tentando usar a situação, agora, com objetivos políticos. "É uma pena que façam jogos políticos com uma decisão
profundamente pessoal", afirmou. "Ele tomou a decisão [de
sair em novembro] para permitir
uma transição ordeira."
Sem entrar em detalhes, o governador havia dito anteontem
que o fato de ter ocultado sua sexualidade dava margem a "fofocas, falsas acusações e ameaças".
Segundo o jornal "New York Times", o amante de McGreevey era
um funcionário do governo estadual, o poeta Golan Cipel, contratado em 2002 como assessor para
o Departamento de Segurança Interna local. Seu salário anual era
de US$ 110 mil.
Cipel, que deixou o governo
meses depois de ser contratado,
teria chantageado McGreevey,
exigindo dinheiro para não levar
adiante um processo acusando o
governador de assédio sexual.
O "New York Times" afirma
que o escritório de McGreevey ligou para o FBI (a polícia federal)
na quinta, dizendo que Cipel teria
exigido US$ 5 milhões para não
levar adiante o processo.
O assessor foi contratado em
2002 para uma posição recém-criada, sem anúncio oficial. O diário nova-iorquino trouxe ontem
matéria de capa em que questiona
a nomeação de Cipel, afirmando
que, sexualidade à parte, "o homem que seus auxiliares afirmam
ter sido seu amante estava na folha de salários do Estado".
A administração de James
McGreevey tem sido marcada por
acusações de favorecimentos políticos e financeiros.
No ano passado, dois assessores
seus foram acusados de usar os
respectivos postos políticos para
conquistar negócios para suas
empresas. Neste ano, um tesoureiro de campanha democrata e
ex-colega de classe do governador
no colégio foi acusado de tentar
extorquir dinheiro de doações de
um fazendeiro em troca de ajuda
na venda de suas terras.
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