São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

Para Congresso, política de Bush concentra renda; republicano e democrata Kerry polemizam sobre o tema

Cortes nos impostos beneficiam os ricos

DA REDAÇÃO

A política de corte de impostos do governo George W. Bush -uma das principais ações do presidente dos EUA na economia- gera controvérsias às vésperas da eleição no país-que acontece em 2 de novembro.
Um relatório do apartidário Congressional Budget Office (escritório de orçamento do congresso), divulgado ontem, aponta que os mais favorecidos com os cortes nos impostos são os mais ricos e leva o foco da discussão eleitoral à questão econômica.
Segundo o relatório, um terço do corte na arrecadação de impostos federais, que vigora desde 2001, favoreceu apenas o 1% mais rico da população (com salários acima de US$ 1 milhão por ano).
Essas pessoas tiveram uma diminuição anual nos impostos de cerca de US$ 78.460, mais de 70 vezes o benefício da classe média (20% da população, que recebe em média US$ 57.000 por ano e pagou US$ 1.090 a menos em impostos em 2004).
Para as classes mais baixas, a ajuda é ainda menor. Entre os 20% mais pobres, que recebem em média US$ 16.620 por ano, o corte foi de apenas US$ 250.
Com base nesses dados e em informações do déficit público e do aumento no desemprego do país, o candidato democrata, senador John Kerry, iniciou uma agenda de duas semanas com foco na economia -lembrando a política que ajudou Bill Clinton a vencer George Bush, o pai, em 1992.
"Prometeram que o corte de impostos dos mais ricos criaria milhões de empregos, mas, ao contrário, nós perdemos empregos, e os cortes na arrecadação levaram o país a um enorme déficit", disse. Mais de um milhão de postos de trabalho foram fechados desde o início do governo Bush. Kerry propõe uma remodelagem da atual plataforma: "Empregos antes de cortes."
Os republicanos defendem a atual política argumentando que, apesar de os cortes serem maiores para os mais ricos, eles favorecem toda a sociedade americana, e que foram essenciais para evitar a recessão e o colapso das Bolsas de Valores do país. "A economia está crescendo. Superamos uma recessão, escândalos corporativos e queda no mercado de ações", defendeu-se Bush em entrevista à CNN anteontem.


Com agências internacionais e "The New York Times"


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