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DISCRETA, MAS ATUANTE
Ela tira vantagem de professa inexperiência política na campanha
Laura Bush vira cabo eleitoral
RANDY KENNEDY
DO "NEW YORK TIMES"
De certa forma, Laura Bush é o
membro menos visível da campanha de Bush. Seu trabalho de
campanha gera menos manchetes do que o do outro principal
parceiro de seu marido, o vice-presidente Dick Cheney.
Mas, enquanto Laura Bush
inicia diversas semanas de viagens solo em Estados cruciais
para a reeleição de seu marido,
ela vem ganhando visibilidade e
eficiência na estratégia da Casa
Branca, em larga medida porque é vista como alguém que se
coloca acima das grosserias
usuais em uma disputa política.
Nos últimos quatro meses, ela
vem conquistando destaque cada vez maior, projetando uma
imagem muito mais forte e segura do que na campanha de
2000. Ela também provou capacidade formidável de arrecadação de fundos, gerando mais de
US$ 10 milhões só este ano para
os cofres de campanha, em discursos realizados em mais de
uma dúzia de eventos.
Dentro de menos de três semanas, naquele que certamente
será o seu mais importante momento público em 2004, ela fará
um dos principais discursos na
convenção nacional do Partido
Republicano, em Nova York.
Laura Bush, 57, não faz segredo do fato de que, embora falar
em público não lhe cause problemas, campanhas políticas
não são sua atividade favorita.
Mas, desde que fez seu primeiro
discurso eleitoral do ano, em
Las Vegas, em maio, ela cuidadosamente extraiu vantagem de
sua falta de experiência política.
A primeira-dama está claramente consciente de sua imagem como alguém que não se
envolve na estratégia ou em disputas políticas e evita assiduamente as questões contenciosas,
e jamais se refere ao adversário
de seu marido.
Quando a primeira-dama
professa inexperiência política,
ela está claramente ciente daquilo que pode realizar em campanha. "Não digo que meu papel é crítico para o esforço de
reeleição", afirmou. "Mas certamente quero fazer o que puder
para ajudá-lo a se reeleger."
A primeira-dama disse que se
sente frustrada por se ver retratada na mídia como tímida e
discreta, relutante em falar e como alguém que sabe pouco sobre as políticas de seu marido.
"Mesmo quando falo sobre
questões políticas", disse, rouca
depois da maratona que acabara de concluir, "as pessoas não
levam a sério. Acho que é só um
estereótipo."
É verdade que ela lê textos
preparados, à maneira cuidadosa de uma professora (o que ela
foi), raramente variando em
tom ou volume, mesmo quando
o texto parece pedir. Mas suas
palavras estão provocando
aplausos. Depois dos discursos,
ela em geral passa mais tempo
do que sua equipe gostaria trocando apertos de mão, posando
para fotos e conversando com
partidários de seu marido.
"Ela transmite o amor que
sente pelo marido, e o respeito
que ele lhe inspira", disse Bette
Duncan, co-proprietária de
uma fábrica de produtos eletrônicos, em um discurso da primeira-dama em Wisconsin. "E
isso é refrescante, em política."
Em sua viagem de campanha
mais ativa até agora, o principal
alvo de Laura Bush foram as
mulheres, que, segundo pesquisas, demonstram menos apoio
que os homens ao seu marido.
Ela assegura às mulheres que
Bush é um forte defensor da
igualdade de oportunidades. "E
ele tem três mulheres em casa
que não o deixam esquecer disso", disse, falando de si mesma e
de suas filhas gêmeas.
Tradução de Paulo Migliacci
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