São Paulo, sábado, 14 de agosto de 2004

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DISCRETA, MAS ATUANTE

Ela tira vantagem de professa inexperiência política na campanha

Laura Bush vira cabo eleitoral

RANDY KENNEDY
DO "NEW YORK TIMES"

De certa forma, Laura Bush é o membro menos visível da campanha de Bush. Seu trabalho de campanha gera menos manchetes do que o do outro principal parceiro de seu marido, o vice-presidente Dick Cheney.
Mas, enquanto Laura Bush inicia diversas semanas de viagens solo em Estados cruciais para a reeleição de seu marido, ela vem ganhando visibilidade e eficiência na estratégia da Casa Branca, em larga medida porque é vista como alguém que se coloca acima das grosserias usuais em uma disputa política.
Nos últimos quatro meses, ela vem conquistando destaque cada vez maior, projetando uma imagem muito mais forte e segura do que na campanha de 2000. Ela também provou capacidade formidável de arrecadação de fundos, gerando mais de US$ 10 milhões só este ano para os cofres de campanha, em discursos realizados em mais de uma dúzia de eventos.
Dentro de menos de três semanas, naquele que certamente será o seu mais importante momento público em 2004, ela fará um dos principais discursos na convenção nacional do Partido Republicano, em Nova York.
Laura Bush, 57, não faz segredo do fato de que, embora falar em público não lhe cause problemas, campanhas políticas não são sua atividade favorita. Mas, desde que fez seu primeiro discurso eleitoral do ano, em Las Vegas, em maio, ela cuidadosamente extraiu vantagem de sua falta de experiência política.
A primeira-dama está claramente consciente de sua imagem como alguém que não se envolve na estratégia ou em disputas políticas e evita assiduamente as questões contenciosas, e jamais se refere ao adversário de seu marido.
Quando a primeira-dama professa inexperiência política, ela está claramente ciente daquilo que pode realizar em campanha. "Não digo que meu papel é crítico para o esforço de reeleição", afirmou. "Mas certamente quero fazer o que puder para ajudá-lo a se reeleger."
A primeira-dama disse que se sente frustrada por se ver retratada na mídia como tímida e discreta, relutante em falar e como alguém que sabe pouco sobre as políticas de seu marido.
"Mesmo quando falo sobre questões políticas", disse, rouca depois da maratona que acabara de concluir, "as pessoas não levam a sério. Acho que é só um estereótipo."
É verdade que ela lê textos preparados, à maneira cuidadosa de uma professora (o que ela foi), raramente variando em tom ou volume, mesmo quando o texto parece pedir. Mas suas palavras estão provocando aplausos. Depois dos discursos, ela em geral passa mais tempo do que sua equipe gostaria trocando apertos de mão, posando para fotos e conversando com partidários de seu marido.
"Ela transmite o amor que sente pelo marido, e o respeito que ele lhe inspira", disse Bette Duncan, co-proprietária de uma fábrica de produtos eletrônicos, em um discurso da primeira-dama em Wisconsin. "E isso é refrescante, em política."
Em sua viagem de campanha mais ativa até agora, o principal alvo de Laura Bush foram as mulheres, que, segundo pesquisas, demonstram menos apoio que os homens ao seu marido.
Ela assegura às mulheres que Bush é um forte defensor da igualdade de oportunidades. "E ele tem três mulheres em casa que não o deixam esquecer disso", disse, falando de si mesma e de suas filhas gêmeas.


Tradução de Paulo Migliacci

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