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ORIENTE MÉDIO
Juntos pela primeira em dez anos, fundadores do grupo terrorista anunciam ação, a despeito da retirada de Gaza
Hamas promete manter combate a Israel
DA REDAÇÃO
Numa escalada da retórica contra Israel, o grupo terrorista palestino Hamas, que anteontem já havia anunciado que não iria depor
suas armas, a despeito da retirada
dos assentamentos judaicos na
faixa de Gaza e em parte da Cisjordânia, disse ontem que continuará a combater os israelenses.
Reunidos pela primeira vez em
dez anos, os fundadores e principais líderes do Hamas afirmaram
ontem, em uma entrevista coletiva, que não abandonarão a luta
contra o Estado de Israel.
A desocupação das 21 colônias
em Gaza, bem como de quatro
outras na Cisjordânia, tem o início marcado para a próxima
quarta-feira, dia 15. Retirada essa
que, embora faça parte de um
acordo entre o governo israelense
e a Autoridade Nacional Palestina, os líderes do Hamas creditaram como uma vitória sua.
Num desafio a Mahmoud Abbas, presidente da ANP, os chefes
do Hamas disseram que o Fatah,
movimento ao qual Abbas pertence, não pode ser a única entidade a decidir o destino dos palestinos e que eles têm o direito de
não depor suas armas.
"O Hamas afirma seu compromisso com a resistência como
uma escolha estratégica até a retirada [dos israelenses] de nossa
terra e de nossos locais sagrados",
disse Ismail Haniyah, um dos líderes do grupo extremista islâmico, em referência ao território israelense e à cidade de Jerusalém.
Em preparação para a desocupação de Gaza, a ANP pôs ontem
em alerta máximo suas forças de
segurança. O ministro do Interior, Nasser Yousef, afirmou que
as forças têm de estar 100% prontas para lidar com a retirada.
Assassinatos seletivos
Responsável por dezenas de
atentados contra israelenses nos
últimos anos, e assumindo como
objetivo a destruição do Estado de
Israel, o Hamas sofreu uma baixa
significativa quando, em março
de 2003, o xeque Ahmed Yassin,
então seu principal líder, foi morto pelas Forças Armadas de Israel.
A morte de Yassin foi planejada,
numa das ações dos ditos "assassinatos seletivos", política adotada pelo governo de Israel para
matar chefes de grupos terroristas
islâmicos.
Lembrando uma das cláusulas
do Mapa do Caminho, o acordo
de paz israelo-palestino patrocinado pelos EUA e a Europa, o presidente dos EUA, George W.
Bush, pediu aos palestinos, na TV
israelense, a dissolução das "organizações terroristas".
Lamentações
A polícia israelense determinou
ontem um limite para a idade dos
fiéis muçulmanos aos quais será
permitido acesso a um conjunto
de mesquitas em Jerusalém e posicionou centenas de soldados em
toda a parte velha da cidade.
Milhares de judeus -muitos
dos quais contrários à desocupação de Gaza- eram esperados no
Muro das Lamentações ontem,
véspera da data em que eles lamentam a destruição de seus dois
grandes templos em Jerusalém,
entre 586 a.C. e 70 d.C, entre outras tragédias do judaísmo. Diante do muro está o conjunto que os
muçulmanos chamam Esplanada
das Mesquitas -ou Monte do
Templo, para os judeus.
Clérigos muçulmanos exortaram os fiéis a irem a Jerusalém
proteger as mesquitas. Em conseqüência, a polícia decidiu impedir
que homens muçulmanos com
menos de 45 anos de idade entrassem na esplanada; já para as mulheres não havia limite de idade.
Com agências internacionais
LEIA MAIS sobre a a retirada dos
territórios ocupados na
www.folha.com.br/052241
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