São Paulo, domingo, 14 de agosto de 2005

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ORIENTE MÉDIO

Juntos pela primeira em dez anos, fundadores do grupo terrorista anunciam ação, a despeito da retirada de Gaza

Hamas promete manter combate a Israel

DA REDAÇÃO

Numa escalada da retórica contra Israel, o grupo terrorista palestino Hamas, que anteontem já havia anunciado que não iria depor suas armas, a despeito da retirada dos assentamentos judaicos na faixa de Gaza e em parte da Cisjordânia, disse ontem que continuará a combater os israelenses.
Reunidos pela primeira vez em dez anos, os fundadores e principais líderes do Hamas afirmaram ontem, em uma entrevista coletiva, que não abandonarão a luta contra o Estado de Israel.
A desocupação das 21 colônias em Gaza, bem como de quatro outras na Cisjordânia, tem o início marcado para a próxima quarta-feira, dia 15. Retirada essa que, embora faça parte de um acordo entre o governo israelense e a Autoridade Nacional Palestina, os líderes do Hamas creditaram como uma vitória sua.
Num desafio a Mahmoud Abbas, presidente da ANP, os chefes do Hamas disseram que o Fatah, movimento ao qual Abbas pertence, não pode ser a única entidade a decidir o destino dos palestinos e que eles têm o direito de não depor suas armas.
"O Hamas afirma seu compromisso com a resistência como uma escolha estratégica até a retirada [dos israelenses] de nossa terra e de nossos locais sagrados", disse Ismail Haniyah, um dos líderes do grupo extremista islâmico, em referência ao território israelense e à cidade de Jerusalém.
Em preparação para a desocupação de Gaza, a ANP pôs ontem em alerta máximo suas forças de segurança. O ministro do Interior, Nasser Yousef, afirmou que as forças têm de estar 100% prontas para lidar com a retirada.

Assassinatos seletivos
Responsável por dezenas de atentados contra israelenses nos últimos anos, e assumindo como objetivo a destruição do Estado de Israel, o Hamas sofreu uma baixa significativa quando, em março de 2003, o xeque Ahmed Yassin, então seu principal líder, foi morto pelas Forças Armadas de Israel.
A morte de Yassin foi planejada, numa das ações dos ditos "assassinatos seletivos", política adotada pelo governo de Israel para matar chefes de grupos terroristas islâmicos.
Lembrando uma das cláusulas do Mapa do Caminho, o acordo de paz israelo-palestino patrocinado pelos EUA e a Europa, o presidente dos EUA, George W. Bush, pediu aos palestinos, na TV israelense, a dissolução das "organizações terroristas".

Lamentações
A polícia israelense determinou ontem um limite para a idade dos fiéis muçulmanos aos quais será permitido acesso a um conjunto de mesquitas em Jerusalém e posicionou centenas de soldados em toda a parte velha da cidade.
Milhares de judeus -muitos dos quais contrários à desocupação de Gaza- eram esperados no Muro das Lamentações ontem, véspera da data em que eles lamentam a destruição de seus dois grandes templos em Jerusalém, entre 586 a.C. e 70 d.C, entre outras tragédias do judaísmo. Diante do muro está o conjunto que os muçulmanos chamam Esplanada das Mesquitas -ou Monte do Templo, para os judeus.
Clérigos muçulmanos exortaram os fiéis a irem a Jerusalém proteger as mesquitas. Em conseqüência, a polícia decidiu impedir que homens muçulmanos com menos de 45 anos de idade entrassem na esplanada; já para as mulheres não havia limite de idade.


Com agências internacionais
LEIA MAIS sobre a a retirada dos territórios ocupados na www.folha.com.br/052241


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