São Paulo, sexta-feira, 14 de agosto de 2009

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Presidente vê sua reeleição sob ameaça

DO ENVIADO A CABUL

Para quem anda nas ruas de Cabul, as eleições se resumem a poucos comícios e muita propaganda. O presidente Hamid Karzai, que concorre à reeleição, domina os outdoors.
Mas também é ele o único candidato cujos cartazes são sistematicamente rasgados nas avenidas fora do centro, onde há vigilância policial mais constante. Isso pode dizer muito sobre o medo que ele tem.
O temor se chama segundo turno. Karzai, 51, é da etnia majoritária no país, os pashtuns. Mas seu governo é visto como corrupto e submisso aos EUA. Segundo uma pesquisa encomendada pelos americanos na semana passada, ele teria 45%.
Isso não é suficiente para repetir a eleição no primeiro turno de 2004, quando teve 55%. Seu principal concorrente é Abdullah Abdullah, um tadjique que clama ter sangue pashtun mas sempre foi associado com aquele grupo étnico.
Ex-chanceler do governo Karzai, Abdullah, 48, tem 25% e é visto como uma força em ascensão. Um segundo turno poderia ou ser ganho por ele ou forçar a uma composição.
Até aqui, o terceiro candidato considerado importante era Ashraf Ghani, ex-ministro da Fazenda de Karzai que é adorado pelos EUA como tecnocrata eficiente. Mas ele foi superado na pesquisa americana pelo folclórico ex-ministro do Planejamento Ramazan Bashardost, da etnia hazara, que faz campanha num táxi. Ghani tem 4%, e Bashardost, 9%.
Seja qual for o resultado, nenhum candidato tem força para ditar receitas aos verdadeiros donos do poder, os EUA. A única oposição verdadeira não joga pelas regras democráticas: é o Taleban.
O grupo promete terror no período pré-eleitoral. Já anunciou a formação de esquadrões de homens-bomba para as seções eleitorais; 10% das 7.000 já foram declaradas inseguras e não abrirão. No sul, promete cortar fora o dedo pintado com tinta usada para provar que o eleitor já votou. (IG)


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