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Presidente vê sua reeleição sob ameaça
DO ENVIADO A CABUL
Para quem anda nas
ruas de Cabul, as eleições
se resumem a poucos comícios e muita propaganda. O presidente Hamid
Karzai, que concorre à
reeleição, domina os outdoors.
Mas também é ele o único candidato cujos cartazes são sistematicamente
rasgados nas avenidas fora
do centro, onde há vigilância policial mais constante. Isso pode dizer muito
sobre o medo que ele tem.
O temor se chama segundo turno. Karzai, 51, é
da etnia majoritária no
país, os pashtuns. Mas seu
governo é visto como corrupto e submisso aos EUA.
Segundo uma pesquisa encomendada pelos americanos na semana passada,
ele teria 45%.
Isso não é suficiente para repetir a eleição no primeiro turno de 2004,
quando teve 55%. Seu
principal concorrente é
Abdullah Abdullah, um
tadjique que clama ter
sangue pashtun mas sempre foi associado com
aquele grupo étnico.
Ex-chanceler do governo Karzai, Abdullah, 48,
tem 25% e é visto como
uma força em ascensão.
Um segundo turno poderia ou ser ganho por ele ou
forçar a uma composição.
Até aqui, o terceiro candidato considerado importante era Ashraf Ghani,
ex-ministro da Fazenda de
Karzai que é adorado pelos EUA como tecnocrata
eficiente. Mas ele foi superado na pesquisa americana pelo folclórico ex-ministro do Planejamento
Ramazan Bashardost, da
etnia hazara, que faz campanha num táxi. Ghani
tem 4%, e Bashardost, 9%.
Seja qual for o resultado,
nenhum candidato tem
força para ditar receitas
aos verdadeiros donos do
poder, os EUA. A única
oposição verdadeira não
joga pelas regras democráticas: é o Taleban.
O grupo promete terror
no período pré-eleitoral.
Já anunciou a formação de
esquadrões de homens-bomba para as seções eleitorais; 10% das 7.000 já foram declaradas inseguras
e não abrirão. No sul, promete cortar fora o dedo
pintado com tinta usada
para provar que o eleitor já
votou.
(IG)
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