São Paulo, terça-feira, 14 de setembro de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Plano prevê transferência de US$ 3,46 bi em recursos para reforçar a segurança; americanos matam 25

Bush quer tirar dinheiro de reconstrução

Fares Dlimi/France Presse
Ambulância do Crescente Vermelho fica destruída em Fallujah; os EUA negam ter alvejado o veículo da organização humanitária


DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, planeja tirar dinheiro de projetos de reconstrução do Iraque para destiná-lo ao reforço da segurança no país, ao estímulo da produção de petróleo e ao preparo das eleições de janeiro.
A notícia foi veiculada por congressistas americanos um dia depois da jornada mais mortífera no Iraque em muitos meses, que terminou com o saldo de 110 mortos, em sua maioria iraquianos.
Segundo informaram os parlamentares dos EUA, a verba a ganhar o novo destino será de US$ 3,46 bilhões e estava inicialmente reservada para projetos de reconstrução, especialmente nas infra-estruturas de fornecimento de água e de energia elétrica, que já funcionavam precariamente no tempo da ditadura de Saddam Hussein e ficaram ainda mais comprometidas após a invasão e os ataques americanos.
Para que ocorra, a mudança na destinação do dinheiro ao Iraque almejada por Bush tem de ser aprovada pelo Congresso. "É um plano de ajuste em resposta à mudança nas circunstâncias", disse uma autoridade americana que preferiu não se identificar.
Pesquisa de opinião feita entre iraquianos e citada em relatório de agosto do instituto Brookings, de Washington, revelou que 44% dos entrevistados acham que os EUA "não têm, de maneira nenhuma", forte compromisso em restaurar serviços básicos como eletricidade e fornecimento de água potável no país.

Fallujah
Os EUA lançaram ontem um novo ataque aéreo em Fallujah (oeste de Bagdá), matando 25 pessoas. Americanos afirmaram que os mortos eram rebeldes leais ao jordaniano Abu Musab Al Zarqawi -principal liderança da rede terrorista Al Qaeda no Iraque e um dos mentores do terror global.
Já testemunhas em Fallujah disseram que 16 civis morreram -inclusive crianças e mulheres- e uma ambulância do Crescente Vermelho foi atingida. Segundo autoridades hospitalares, o motorista do veículo e outras sete pessoas morreram. Um mercado da cidade também foi atingido.
Os americanos negaram que tivessem alvejado a ambulância e o mercado. Todos os mortos em Fallujah, segundo a porta-voz militar dos EUA Sharon Walker são aliados de Zarqawi e insurgentes.
Além do ataque aéreo, tropas dos EUA nos arredores da cidade pediam por alto-falantes que os insurgentes "saíssem e lutassem". A principal entrada da cidade foi fechada pelos americanos.
A ação ocorre um dia após uma onda de violência ter matado 110.
Além da ambulância e do mercado, uma área residencial também teria sido atingida no ataque, segundo testemunhas na cidade, destruindo parcialmente casas.

Seqüestros
Um site conhecido por postar comunicados de grupos terroristas exibiu ontem as imagens da morte de um turco que foi seqüestrado em meados de agosto no Iraque. As imagens são de 17 de agosto e teriam sido gravadas por um grupo ligado a Zarqawi.
O governo turco disse ter conhecimento do vídeo, mas ainda não confirmou a morte de Durmus Kunderelli, que foi capturado quando transportava suprimentos para uma base dos EUA.
O chanceler italiano, Franco Frattini, se reuniu ontem com autoridades árabes no Kuait e fez um apelo para que as duas voluntárias italianas seqüestradas no Iraque no dia 7 sejam soltas. Apelo semelhante também foi feito pela Associação dos Acadêmicos Muçulmanos do Iraque.
O ministro do Interior da França, Domenique de Villepin, disse ontem que a nova onda de violência no país tem complicado as negociações para a libertação de dois jornalistas franceses feitos reféns. Segundo ele, há informações de que os jornalistas estão vivos.

Com agências internacionais


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