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ARGENTINA
Alvarez fez a declaração ao juiz do caso da compra de votos no Senado
Propina saiu do governo, diz ex-vice
GUSTAVO CHACRA
DE BUENOS AIRES
O ex-vice-presidente da Argentina Carlos "Chacho" Alvarez voltou a atacar o governo ontem,
após ter dado uma trégua de um
dia. Em depoimento ao juiz Carlos Liporaci, responsável pela investigação dos supostos subornos
para a aprovação da reforma trabalhista no Senado, Alvarez disse
que o dinheiro para o pagamento
das propinas saiu "de dentro do
governo" argentino.
Mas o ex-vice reconheceu que
não tem provas. "Trata-se apenas
de uma dedução lógica." E não foi
apenas no depoimento que Alvarez investiu contra o governo, do
qual faz parte -mesmo sem ser
vice, ele continua a ser líder da
Frepaso, um dos dois partidos
que integram a Aliança (o outro é
a União Cívica Radical, do presidente Fernando de la Rúa).
Antes do depoimento, deu declarações criticando a imobilidade do governo em relação à corrupção no Senado. "Nada mudou
por enquanto", afirmou.
Ameaças
Alvarez e a Frepaso ameaçam
deixar o governo caso o secretário
de Inteligência, Fernando de Santibañes, suspeito de envolvimento
nos supostos subornos no Senado, não seja afastado.
Mas o presidente, por enquanto, insiste em mantê-lo no cargo.
Até a UCR já se mostrou favorável
à saída de Santibañes. Apenas De
la Rúa e seus assessores continuam bancando o secretário de
Inteligência. A expectativa é que
uma mudança aconteça apenas
daqui a duas semanas.
Mas, caso mude de idéia, De la
Rúa precisa tomar cuidado na hora de tomar a decisão, disse o ex-presidente da Argentina Carlos
Menem (1989-99), atualmente líder do Partido Justicialista (oposição).
"O presidente poderá se enfraquecer muito politicamente caso
ceda às pressões e demita o secretário de Inteligência", afirmou
Menem.
Nova tática
O presidente, por sua vez, adotou uma nova tática de três pontos básicos para melhorar a sua
imagem: mostrar-se fortalecido
como chefe de governo, reiterar
que a coalizão governamental
Aliança não rachará e afirmar que
país segue no caminho do crescimento econômico.
Pelo menos foi isso o que o presidente tentou fazer em entrevista
coletiva para a imprensa estrangeira realizada ontem na Casa Rosada, sede do governo argentino,
em Buenos Aires.
A frase "eu sou o presidente e
mando no governo" foi dita três
vezes pelo presidente durante a
entrevista.
Sobre a Aliança, De la Rúa afirmou que chegou a ficar em dúvida sobre o futuro da coalizão no
dia da renúncia do então vice-presidente Carlos "Chacho" Alvarez.
"Agora todos sabem que a
Aliança será mantida. Ninguém
da Frepaso deixou o governo após
a renúncia de "Chacho". Todos
continuam nos seus postos, inclusive a ministra do Desenvolvimento Social, Graciela Fernadez
Meijide", disse o presidente.
Apesar das declarações de que a
Frepaso segue firme no governo,
foi notada a ausência de integrantes do partido entre os sete ministros e secretários de governo presentes à entrevista de De la Rúa.
Não há mais nenhum frepasista
em postos-chave do governo. A
única que permanece é Meijide,
mesmo assim em um ministério
tido como secundário.
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