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ELEIÇÕES NOS EUA/DEBATE
Último encontro antes da eleição opõe as visões de Bush e Kerry sobre aborto, armas e gays, além de questões sobre déficit e emprego
Moral e economia dominam debate final
FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL AO ARIZONA
O terceiro e último debate entre
o presidente dos EUA, George W.
Bush, e seu adversário democrata,
John Kerry, expôs de forma contundente as diferenças de aspecto
moral e cultural que vêm dividindo os EUA na campanha para a
eleição de 2 de novembro.
Concentrado em assuntos domésticos, o debate produziu os
maiores ataques entre os dois adversários em torno da economia.
Mas Bush e Kerry divergiram
frontalmente em questões relacionadas ao aborto, ao direito ao
casamento gay e ao porte de armamento de alto poder de fogo.
Embora vestidos iguais para o
evento, com terno escuro e gravata vermelha, eles também apresentaram diferenças em relação a
políticas de ação afirmativa.
Mesmo diante de pergunta leve
sobre mulheres e casamento,
Kerry lembrou que, ao contrário
de Bush, já se divorciou uma vez.
"Se você perguntar à filha do vice-presidente Dick Cheney, que é
lésbica, se o homossexualismo é
uma escolha, ela dirá que sempre
foi assim", disse Kerry, em resposta à questão do moderador sobre se a homossexualidade seria
ou não uma escolha individual.
"Sei que vivemos em uma sociedade livre e que as pessoas têm o
direito de viver como querem.
Mas eu acredito na santidade do
casamento", afirmou Bush, para
explicar sua proposta de emenda
constitucional para proibir o casamento entre homossexuais.
Sobre o aborto, Kerry afirmou
que "as mulheres devem ter o direito de fazer a melhor escolha".
Em resposta, Bush disse acreditar
que "todas as crianças devem ser
bem-vindas ao mundo".
A expectativa era que o debate,
na Universidade Estadual do Arizona, em Tempe, atraísse uma audiência de 50 milhões de telespectadores. O confronto foi apelidado de "Duelo Final no Arizona".
Ao longo do evento, de 90 minutos, os assuntos econômicos
produziram os momentos de
maior tensão.
Questionado sobre o que diria a
um trabalhador que perdeu seu
emprego, Bush afirmou que a
"melhor maneira de combater o
desemprego é fazer a economia
crescer". No meio da resposta, o
presidente mudou o tema para
educação e saúde.
"Quero chamar a atenção para o
fato de o presidente ter mudado
sua resposta. Ele simplesmente
evita esse problema", disse o senador, citando números de desemprego, do déficit público e dos
preços dos combustíveis.
"Uau!", reagiu Bush antes de
apresentar outros números positivos que mostrariam a evolução
econômica dos EUA.
Ainda sobre o desemprego,
Kerry prometeu "brigar pelos
empregos dos americanos da
mesma maneira que vou brigar
pelo meu". Assim como em várias
outras ocasiões, Bush riu cinicamente da resposta.
O presidente voltou a acusar
Kerry de ter votado "98 vezes em
20 anos no Senado" para aumentar impostos. "Como o senhor explica isso, senador? Sua política é:
você [o eleitor] paga e ele sai gastando o seu dinheiro", disse Bush.
Pelas regras do debate, os candidatos não puderam fazer perguntas entre si, mas eles buscaram o
tempo todo provocar um ao outro durante suas respostas. No geral, porém, o debate foi morno,
com Kerry tentando se manter
mais na ofensiva.
A Guerra do Iraque e questões
relacionadas à segurança dos
EUA voltaram ao centro do debate em duas ocasiões diferentes.
Bush disse que seu oponente
tem "uma visão perigosa" sobre o
assunto e lembrou declaração do
senador de que o terrorismo poderá ser reduzido, no futuro, a um
"incômodo". "Ele comparou o
terrorismo à prostituição", disse
Bush. "Meu oponente tem uma
estratégia de derrota no Iraque."
"Farei todo o necessário para ficarmos seguros. Vamos caçar e
matar os terroristas onde eles estiverem", respondeu Kerry.
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