DA REDAÇÃO

Leia a seguir os principais trechos do terceiro, e último, debate presidencial entre o presidente George W. Bush (republicano) e o seu oponente democrata, o senador John Kerry, em Tempe (Arizona):
 

RESPONSABILIDADE FISCAL
Kerry - Precisamos fazer o que Bush abandonou. Mostrar como as contas serão pagas. Ele é o único presidente a ver o número de empregos ser reduzido em 72 anos. São 1,6 milhão de empregos a menos. A renda familiar caiu nos últimos três anos. O número de investimentos em negócios em nosso país também diminuiu. Voltaremos à segurança dos anos 90. Começaremos com o fim do corte nos impostos dos ricos.

Bush - Meu oponente votou pelo aumento dos impostos 98 vezes. Votou contra a redução nos impostos 127 vezes. Quer taxar os pequenos negócios. A classe média terá que financiar os gastos dele.

QUEDA NO EMPREGO
Bush - Eu também vou falar para o trabalhador: Você tem mais dinheiro no seu bolso por causa dos cortes de impostos que fizemos. Quando tem mais dinheiro no seu bolso, você pode fazer as coisas que quer. Ele [Kerry] fala em disciplina fiscal, mas o histórico dele no Congresso não combina com sua retórica. A ponto de o seu colega Ted Kennedy ser chamado de o senador conservador de Massachusetts.

Kerry - Eu não posso prometer que vou acabar com a saída de empregos do país. Posso prometer ao trabalhador que os impostos que eles pagam não vão subsidiar a perda de empregos. Quando eu for presidente vou fechar esse buraco na lei. Vou lutar por um campo de comércio justo para o trabalhador americano. Esse presidente não se levantou para defender a Boeing quando a Airbus estava violando leis internacionais. E também precisamos de disciplina fiscal.

ABORTO
Kerry - Respeito a visão [católica]. Sou católico. Mas não concordo com ela. Essa é uma decisão que deve ser tomada em conjunto pela mulher, por Deus e pelo médico. Defenderei o direito de a pessoa decidir. Como disse Kennedy, não estou concorrendo para ser presidente dos católicos.

Bush - Em uma sociedade, todos os seres contam, e toda pessoa é importante. Acredito em um mundo no qual toda criança é protegida pela lei e bem-vinda à vida. Entendo as diferenças em relação ao aborto, mas acho razoável que as pessoas se juntem para reduzir o número de abortos. Temos de reduzir o número de abortos. A adoção é uma alternativa. Continuarei promovendo grupos de abstinência.

HOMOSSEXUALISMO
Bush - Não sei se homossexualismo é uma questão de escolha. Mas sei que temos a escolha de tratarmos as pessoas com tolerância, respeito e dignidade. Respeitamos os direitos das pessoas. Creio na santidade do casamento, que deve ser entre um homem e uma mulher. Por isso propus uma emenda constitucional. É o melhor jeito de proteger a instituição. Estou preocupado com o fato de os juízes estarem tomando essas decisões [sobre casamentos gays], não os cidadãos.

Kerry -Penso que, se você conversar com a filha do vice-presidente Dick Cheney, que é lésbica, ela lhe dirá que é quem ela era quando nasceu. Encontrei pessoas que lutaram com isso por anos. Acredito que o casamento seja entre um homem e uma mulher. Mas não podemos discriminar as pessoas, você tem de permitir que elas possam visitar [seus parceiros] no hospital, que possam transferir suas propriedades.

IMIGRAÇÃO ILEGAL
Bush - - É um problema sério. É um problema de segurança, é um problema econômico e é um problema de direitos humanos. Nós aumentaremos a vigilância nas fronteiras. Vamos continuar a fazer isso nos próximos quatro anos. Muitas pessoas vêm para este país por razões econômicas. Penso que é necessária a criação de um visto de trabalho temporário, que irá garantir que os empregadores não violem a lei e que os imigrantes não sejam tratados de forma desumana. Mas não acho que temos de dar uma anistia [aos ilegais que estão no país]. Seria um prêmio. Meu oponente votou a favor da anistia, esse é um ponto em que discordamos.

Kerry - O presidente quebrou sua promessa. Ele disse que iria fazer uma reforma, mas as fronteiras hoje estão mais abertas, 4.000 pessoas por dia cruzam as fronteiras. Pessoas do Oriente Médio estão cruzando as fronteiras. Não estamos fazendo o que poderíamos, em termos de tecnologia. Eu vou deixar as fronteiras mais seguras. Precisamos também combater a contratação ilegal de mão-de-obra imigrante e fazer um programa de legalização para quem já está aqui há tempos.


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