São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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HAITI

Capital sofre onda de violência

Ex-militares ameaçam agir em Porto Príncipe

FABIANO MAISONNAVE
DA REDAÇÃO

Um dos principais responsáveis pelos distúrbios que afastaram Jean-Bertrand Aristide, em fevereiro, os ex-militares haitianos agora ameaçam agir em Porto Príncipe contra os partidários do ex-presidente, que, há duas semanas, promovem uma onda de violência na capital haitiana. Ao menos 48 pessoas foram mortas nesse período.
Ontem, um líder dos ex-militares concedeu várias entrevistas a rádios locais anunciando a partida de um grupo armado em direção à capital. Ele não disse quantos homens são.
O plano de agir contra os membros da Família Lavalas (partido pró-Aristide) foi confirmado ontem à Folha pelo principal líder dos ex-militares, Remissainthe Ravix, que está em Porto Príncipe. "Os militares estão conosco contra os "chimeres" [partidários de Aristide]", disse.
Segundo a agência de notícias Associated Press, 30 ex-militares, alguns fortemente armados, já estão concentrados perto da capital.
Procurado pela Folha, o chefe da Polícia Nacional Haitiana, Leon Charles, não quis falar sobre o assunto: "Quem é Ravix? Não comento declarações dele".
Para o ativista Pierre Esperance, a situação preocupa: "Seria uma ação muito perigosa, eles são ilegais e não deveriam se envolver com problemas de segurança".
O porta-voz da Minustah (Missão da ONU de Estabilização no Haiti), Damian Onses-Cardona, disse à Associated Press que os ex-militares são uma questão do governo interino haitiano.
O coronel Luiz Felipe Carbonell, oficial de comunicação social da missão brasileira no Haiti (responsável por Porto Príncipe), disse que o assunto é do governo do país, mas lembrou que os ex-militares não são considerados ilegais, mas estão desautorizados a portar armas.
Os ex-militares querem a restauração do Exército, extinto em 1994 pelo governo Aristide.
Em Gonaives, devastada pelo furacão Jeanne, o Comitê Internacional da Cruz Vermelha suspendeu suas operações na cidade depois que um caminhão foi parado e saqueado por homens armados.


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