São Paulo, quinta-feira, 14 de outubro de 2004

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Israel corre risco de se isolar, diz estudo interno

DA ASSOCIATED PRESS

Israel está em rota de colisão com a União Européia e, em dez anos, sem uma acordo de paz com os palestinos, poderá se tornar um "Estado pária", a exemplo do que foi a África do Sul nos tempos do apartheid.
A previsão é feita em estudo de 25 páginas, redigido dentro do próprio governo israelense. A agência de notícias Associated Press e o jornal israelense "Haaretz" tiveram acesso ao texto, feito pelo Centro de Pesquisa Política da Chancelaria.
O estudo diz que a União Européia tende a se fortalecer e a definir uma política unificada em relação ao Oriente Médio. Ela ganharia espaço em detrimento dos Estados Unidos, aliados tradicionais de Israel.
Dentro desse cenário, "uma Europa mais influente tende a pressionar para enquadrar Israel em convenções internacionais" e em determinações das Nações Unidas, o que limitaria a "liberdade de ação" de que o país dispõe hoje para administrar seu conflito com os integrantes do campo palestino.
O estudo constata que "Israel pagará o preço pela crescente concorrência entre a União Européia e os EUA".
O atual chanceler de Israel, Silvan Shalom, tem reiterado a necessidade de fortalecer suas relações com a Europa. Mas, ao mesmo tempo, o governo israelense acusa os europeus de inflexões favoráveis aos palestinos e se queixa da aparição de ondas de anti-semitismo.
Segundo o estudo, "uma nova forma de anti-semitismo, que está crescendo na Europa, nega a Israel a legitimidade de um Estado judaico soberano".
Em Bruxelas, a Associated Press relata que a UE registra divergências "significativas" com Israel em torno de temas como o muro construído entre o território israelense e a Cisjordânia e a política em Gaza.
Porta-voz da UE disse que os israelenses não gostam que lhes digam que os assentamentos judaicos inviabilizam a criação de um Estado Palestino.
O estudo diz ainda que, mesmo na hipótese de a UE não se tornar uma potência internacional, Israel continuará a correr o risco de um crescente isolamento, o que não ocorrerá se for resolvido o conflito com os palestinos.
O chefe da representação da UE em Israel, Giancarlo Chevallard, escreveu que, em se tratando dos conflitos no Oriente Médio, Israel prefere manter a Europa distante e investe todo o seu cacife em suas boas relações com os Estados Unidos.


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