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MISSÃO NO CARIBE
Novo posicionamento de Fidel e de Chávez agrada ao Brasil
Cuba e Venezuela mudam sobre Haiti
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SALAMANCA
A delegação brasileira que participou da negociação dos documentos a serem emitidos amanhã
pela 15ª Cúpula Ibero-Americana
ficou feliz da vida pelo fato de os
representantes de Cuba e da Venezuela terem, desta vez, mostrado uma "atitude positiva" em relação à posição do conjunto de
países ibero-americanos no tratamento da crise haitiana.
Para o governo brasileiro, é um
alívio pela simples e boa razão de
que Cuba e a Venezuela atacaram,
desde o princípio, a operação de
paz lançada por iniciativa do Brasil, do Chile e da Espanha e endossada pelos outros membros da
comunidade. Fidel Castro e Hugo
Chávez acham que tudo não passou de um "golpe de Estado" velado dado pela Comunidade Ibero-Americana sob orientação norte-americana.
Essa crítica, de resto, tem sido
feita também no Brasil por acadêmicos especializados em questões
internacionais, como o colunista
da Folha Demétrio Magnoli.
Se é assim ou não, o fato é que a
operação ganhou ontem um endosso importante na voz de Enrique Iglesias, que acaba de deixar a
presidência do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento)
para assumir a Secretaria Geral
Ibero-Americana, como suposta
"voz" da comunidade nos demais
organismos internacionais.
Para Iglesias, não dá "nem para
imaginar o que seria do Haiti sem
a intervenção da força de paz".
O novo secretário-geral diz que
está havendo progressos na situação da segurança interna haitiana,
salvo "bolsões de difícil controle",
em especial Cité Soleil, o favelão
de Porto Príncipe, a capital.
O Haiti será tema de uma das 14
declarações específicas que acompanharão a Declaração de Salamanca, o documento final.
Fidel anunciou ontem que não
participará da cúpula -é a quinta
vez consecutiva que falta ao evento. Se Chávez realmente resolveu
colocar em hibernação suas críticas, só se vai saber de fato a partir
das reuniões entre os chefes de Estado, hoje e amanhã, na forma de
debates abertos. Cada um em tese
fala o que quer. Mais: ele deve participar no sábado de um comício
organizado por grupos de apoio
ao seu governo.
De todo modo, o fogo verbal
chavista pode ter sido amenizado
pelo fato de que a declaração final,
já aprovada e por consenso, atende reivindicações venezuelana e
cubana no caso Luis Posada Carriles, responsável por um atentado com mais de 70 mortos contra
avião da Cubana de Aviación,
preso nos Estados Unidos.
Cuba e a Venezuela exigem a repatriação de Posada Carriles, e o
texto, sem citá-lo nominalmente,
"reafirma o valor da extradição
como ferramenta essencial na luta
contra o terrorismo".
Um segundo item de satisfação
para a diplomacia brasileira é o fato de o documento incorporar,
quando trata de migrações, um
amplo consenso no sentido de
que é preciso descomplicar as remessas de emigrantes para os países de origem. O Brasil recebe
anualmente entre US$ 4 bilhões e
US$ 5 bilhões de seus nacionais
que vivem no exterior.
Eleições haitianas
O governo haitiano decidiu ontem criar uma comissão interministerial para verificar a nacionalidade dos candidatos nas eleições
gerais. A medida visa avaliar a situação do polêmico milionário
haitiano-americano Dumarsais
Simeus, que quer se candidatar a
presidente.
Com agências internacionais
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