São Paulo, sexta-feira, 14 de outubro de 2005

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RÚSSIA

Combatentes separatistas tomam prédios públicos em Kabardino-Balkária, dando início a sangrentos enfrentamentos

Ação tchetchena deixa dezenas de mortos

DA REDAÇÃO

Combatentes tchetchenos atacaram ontem prédios públicos pertencentes às forças de segurança, na república russa de Kabardino-Balkária (sul), numa operação que matou dezenas e pôs em xeque a afirmação do Kremlin de que a turbulenta região do Cáucaso está sob controle.
O presidente russo, Vladimir Putin, que chegou ao poder em 2000 em parte graças a seu rigor em relação aos tchetchenos, ordenou que as forças de segurança fizessem um cordão de isolamento em torno da cidade de Nalchik e matassem qualquer pessoa armada que impusesse resistência.
Ao menos 12 civis e 12 policiais foram mortos nos enfrentamentos. De acordo com Vladimir Kolesnikov, vice-procurador do Estado na região, 20 combatentes foram mortos e 12 detidos pelas forças de segurança até o início da noite de ontem. Mas fontes policiais locais afirmaram que pelo menos 50 combatentes foram mortos e 17 capturados.
Segundo um funcionário do governo local que não quis ser identificado, porém, houve 85 mortos, incluindo 61 "terroristas".
"A cidade está agora sob firme controle das autoridades. Nenhum carro, nenhum ônibus nem nenhum trem pode passar o cordão de isolamento sem ser completamente vasculhado", afirmou Alexander Chekalin, vice-ministro do Interior. "Nossa principal tarefa agora é encontrar os bandidos que estão escondidos na cidade, incluindo os que estão feridos", acrescentou.
Autoridades locais disseram que dois pequenos grupos de combatentes estavam cercados numa delegacia e numa loja e mantinham um pequeno número de rebeldes. A informação não foi confirmada oficialmente, de acordo com agências de notícias.
Fontes do Judiciário local disseram que a manhã de graves enfrentamentos foi protagonizada por ao menos cem "terroristas tchetchenos". Nalchik é a principal cidade de Kabardino-Balkária, república russa situada perto da independentista Tchetchênia.
Vários corpos em poças de sangue ficaram expostos pelo centro da cidade após os ataques, que perderam força por volta de meio-dia. "Tudo começou em torno das 9h [horário local], parecia um inferno, e tínhamos a impressão de que houvesse pessoas atirando de todos os lados", disse Makhmud, morador de Nalchik, que testemunhou o ocorrido.
As ruas e praças ficaram estranhamente vazias ao cair da noite, de acordo com a agência de notícias Reuters, mas militares ligados ao Ministério do Interior e policiais locais continuaram a patrulhar o centro da cidade.
"Mantenha sua cabeça abaixada, pode haver atiradores nas redondezas", disse um policial a um dos raros pedestres que se aventuraram a sair às ruas depois do pôr-do-sol.
Os ataques coordenados aos prédios da polícia, do Exército, do Ministério do Interior e do Serviço de Segurança Federal -FSB (ex-KGB, a polícia secreta soviética)-, numa cidade em que estão baseados milhares de soldados russos, foi a primeira grande operação dos rebeldes tchetchenos desde que Abdul-Khalid Sadulayev assumiu o comando dos separatistas, em março.
Os ataques confirmaram a promessa de Sadulayev de espalhar o conflito tchetcheno pelas outras repúblicas russas majoritariamente muçulmanas do Cáucaso.
Os separatistas tchetchenos, que combatem as forças russas na república caucasiana há mais de dez anos, assumiram rapidamente a autoria dos ataques ocorridos em Nalchik, uma cidade de 280 mil habitantes.
Em setembro de 2004, terroristas tchetchenos invadiram uma escola em Beslan, na república da Ossétia do Norte, numa operação que acabou com 331 mortos, incluindo muitas crianças.
Os ataques de ontem lembraram os de junho de 2004, quando rebeldes tchetchenos tomaram a cidade de Nazran e conseguiram controlar -por algumas horas- a república da Inguchétia.


Com agências internacionais

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