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RÚSSIA
Combatentes separatistas tomam prédios públicos em Kabardino-Balkária, dando início a sangrentos enfrentamentos
Ação tchetchena deixa dezenas de mortos
DA REDAÇÃO
Combatentes tchetchenos atacaram ontem prédios públicos
pertencentes às forças de segurança, na república russa de Kabardino-Balkária (sul), numa
operação que matou dezenas e
pôs em xeque a afirmação do
Kremlin de que a turbulenta região do Cáucaso está sob controle.
O presidente russo, Vladimir
Putin, que chegou ao poder em
2000 em parte graças a seu rigor
em relação aos tchetchenos, ordenou que as forças de segurança fizessem um cordão de isolamento
em torno da cidade de Nalchik e
matassem qualquer pessoa armada que impusesse resistência.
Ao menos 12 civis e 12 policiais
foram mortos nos enfrentamentos. De acordo com Vladimir Kolesnikov, vice-procurador do Estado na região, 20 combatentes
foram mortos e 12 detidos pelas
forças de segurança até o início da
noite de ontem. Mas fontes policiais locais afirmaram que pelo
menos 50 combatentes foram
mortos e 17 capturados.
Segundo um funcionário do governo local que não quis ser identificado, porém, houve 85 mortos,
incluindo 61 "terroristas".
"A cidade está agora sob firme
controle das autoridades. Nenhum carro, nenhum ônibus nem
nenhum trem pode passar o cordão de isolamento sem ser completamente vasculhado", afirmou
Alexander Chekalin, vice-ministro do Interior. "Nossa principal
tarefa agora é encontrar os bandidos que estão escondidos na cidade, incluindo os que estão feridos", acrescentou.
Autoridades locais disseram
que dois pequenos grupos de
combatentes estavam cercados
numa delegacia e numa loja e
mantinham um pequeno número
de rebeldes. A informação não foi
confirmada oficialmente, de acordo com agências de notícias.
Fontes do Judiciário local disseram que a manhã de graves enfrentamentos foi protagonizada
por ao menos cem "terroristas
tchetchenos". Nalchik é a principal cidade de Kabardino-Balkária, república russa situada perto
da independentista Tchetchênia.
Vários corpos em poças de sangue ficaram expostos pelo centro
da cidade após os ataques, que
perderam força por volta de
meio-dia. "Tudo começou em
torno das 9h [horário local], parecia um inferno, e tínhamos a impressão de que houvesse pessoas
atirando de todos os lados", disse
Makhmud, morador de Nalchik,
que testemunhou o ocorrido.
As ruas e praças ficaram estranhamente vazias ao cair da noite,
de acordo com a agência de notícias Reuters, mas militares ligados
ao Ministério do Interior e policiais locais continuaram a patrulhar o centro da cidade.
"Mantenha sua cabeça abaixada, pode haver atiradores nas redondezas", disse um policial a um
dos raros pedestres que se aventuraram a sair às ruas depois do
pôr-do-sol.
Os ataques coordenados aos
prédios da polícia, do Exército, do
Ministério do Interior e do Serviço de Segurança Federal -FSB
(ex-KGB, a polícia secreta soviética)-, numa cidade em que estão
baseados milhares de soldados
russos, foi a primeira grande operação dos rebeldes tchetchenos
desde que Abdul-Khalid Sadulayev assumiu o comando dos separatistas, em março.
Os ataques confirmaram a promessa de Sadulayev de espalhar o
conflito tchetcheno pelas outras
repúblicas russas majoritariamente muçulmanas do Cáucaso.
Os separatistas tchetchenos,
que combatem as forças russas na
república caucasiana há mais de
dez anos, assumiram rapidamente a autoria dos ataques ocorridos
em Nalchik, uma cidade de 280
mil habitantes.
Em setembro de 2004, terroristas tchetchenos invadiram uma
escola em Beslan, na república da
Ossétia do Norte, numa operação
que acabou com 331 mortos, incluindo muitas crianças.
Os ataques de ontem lembraram os de junho de 2004, quando
rebeldes tchetchenos tomaram a
cidade de Nazran e conseguiram
controlar -por algumas horas-
a república da Inguchétia.
Com agências internacionais
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