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Blair concorda com militar que pediu saída do Iraque
Washington pede explicações sobre declarações do chefe do Exército, que não se retrata
Para premiê, comandante está "absolutamente certo" em dizer que a presença das tropas britânicas no Iraque
exacerba a violência no país
DA REDAÇÃO
O premiê do Reino Unido,
Tony Blair, disse ontem concordar com "todas as palavras"
do comandante do Exército
britânico, que na véspera afirmou que a presença das tropas
do país contribui para a piora
da situação de segurança no
Iraque e defendeu sua retirada.
As declarações do general Richard Dannatt foram interpretadas por alguns analistas como um desafio à autoridade de
Blair, que vive um de seus momentos sob maior pressão no
governo. Blair já anunciou que
irá deixar o cargo de premiê,
mas não fixou data.
Em entrevista ao tablóide
"Daily Mail", Dannatt disse que
"devemos nos retirar em breve,
pois nossa presença exacerba
os problemas de segurança".
Ele chamou a política de segurança de Blair de "ingênua" e
avaliou que "o planejamento do
que aconteceria depois da guerra inicial foi fraco, provavelmente baseado mais em otimismo do que em um planejamento racional".
Ontem, em novas entrevistas
a rádios e TVs britânicas, o general suavizou suas declarações -mas não se retratou.
"Não retiro nenhum dos
meus comentários. Dei algumas explicações, mas isso não
quer dizer que voltei atrás", disse Dannatt. "Não era minha intenção criar todo esse alarido."
O general afirmou que, sobre
a retirada, quis dizer que
"quando a missão estiver substancialmente cumprida, devemos sair". E afirmou que a presença das tropas britânicas piora a situação "não em todo o
país, mas em partes dele".
O Reino Unido está "lado a
lado com os americanos, e nosso "timing" e o "timing" deles são
o mesmo", disse Dannatt.
Em uma nota divulgada posteriormente, ele reforçou: "Não
nos rendemos. Não levantamos
a bandeira branca. Vamos permanecer no sul do Iraque até
que o trabalho esteja concluído.
Vamos até o fim."
"Concordo com todas as palavras", disse Blair, após ler a
transcrição das novas entrevistas do general, segundo a BBC.
"Ele contextualizou o que estava dizendo. E o que ele diz sobre querer que as forças britânicas deixem o Iraque é precisamente o mesmo que nós estamos dizendo. Nossa estratégia
é sair do Iraque quando o trabalho estiver concluído".
Sobre a declaração de que a
presença das tropas exacerba
os problemas de segurança do
Iraque, Blair a considerou "absolutamente correta". "Eu
mesmo já disse isso", afirmou.
A Casa Branca disse ontem
ter pedido explicações a Londres sobre as declarações de
Dannatt. O Reino Unido é o
principal aliado dos EUA no
país desde a invasão, em 2003.
"Telefonamos e perguntamos o que disse, e recebemos a
transcrição de suas palavras",
disse o porta-voz Tony Snow.
"O que quis dizer é, em primeiro lugar, que não há diferença
entre ele e o governo de Blair e
entre o Reino Unido e os EUA,
e, em segundo lugar, que não se
trata de uma exortação a abandonar o país."
Jornalista morto
Um inquérito britânico sobre
a morte de um jornalista da rede de TV ITN no Iraque, em
2003, concluiu que ele foi morto por soldados dos EUA.
O legista Andrew Walker, encarregado do inquérito, pediu à
Promotoria britânica que solicite aos EUA o indiciamento
dos responsáveis.
Terry Lloyd, 50, viajava com
outros três jornalistas em direção a Basra, no sul do Iraque,
quando seu veículo foi atingido
por tropas iraquianas. Ele foi
morto quando forças americanas abriram fogo contra a minivan que o levava a um hospital.
"Terry Lloyd morreu em decorrência de um tiro na cabeça.
A evidência de que essa bala foi
disparada pelos americanos é
fortíssima", disse Walker. "Não
há dúvidas de que a minivan
não apresentava uma ameaça
às forças americanas. Não há
dúvidas de que foi um ataque
armado ilegal."
O Pentágono afirmou que
uma investigação americana
sobre a morte de Lloyd concluiu que "as forças americanas
seguiram as normas de engajamento adequadas".
Com agências internacionais
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