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ONU vota hoje sanções à Coréia do Norte
EUA cedem para impedir o veto da Rússia e da China; teste encontra radioatividade na atmosfera da região da bomba
Inspeção de navios deixa de
ser obrigatória, e resolução
afasta risco de intervenção
militar; texto deve receber
mudanças de última hora
DA REDAÇÃO
As delegações do Japão e dos
Estados Unidos afirmaram ontem que o Conselho de Segurança da ONU deverá votar ainda hoje, pela manhã, as aguardadas sanções contra a Coréia
do Norte, em razão de seu teste
nuclear na última segunda.
O embaixador americano nas
Nações Unidas, John Bolton,
afirmou que o Conselho de Segurança "concordou basicamente com a votação já no sábado", mas advertiu que o texto
poderá sofrer mais mudanças.
Ele apresentou uma terceira
versão do projeto de resolução,
capaz de neutralizar as objeções da China e da Rússia.
Diplomatas russos e chineses
afirmavam ontem à noite que o
texto ainda precisaria ser
"aperfeiçoado". Seus governos
voltaram a afirmar que se
opõem a "sanções extremas",
disse o chefe da diplomacia russa, Serguey Lavrov.
Mas chineses e russos também afirmavam que um consenso está muito próximo, o
que parece não comprometer o
cronograma de votação.
Os Estados Unidos recuaram
da intenção de evocar de modo
sumário o Capítulo 7 da Carta
da ONU, que constata "ameaça
à paz internacional" e deixa
aberta a possibilidade de uma
intervenção militar contra a ditadura do país comunista.
O capítulo continuará a ser
mencionado. Mas com duas
ressalvas: é citado o artigo 41,
que exclui o uso da força militar; em outro momento, o texto
de cinco páginas afirma que
qualquer outra medida -como
um eventual ataque à Coréia do
Norte- deverá ser objeto de
nova resolução.
A delegação americana queria de início que o embargo
abrangesse a venda de qualquer
tipo de arma. Em nova concessão, Bolton aceitou a proibição
da venda só de equipamento
militar pesado, como blindados, helicópteros e mísseis.
"Estamos no caminho certo,
embora não tenhamos ainda
um texto definitivo", disse o
embaixador russo, Vitaly Churkin. Quanto à China, seu embaixador, Wang Guangya, disse
não entender a proibição da
venda a Pyongyang de artigos
de luxo.
O embaixador americano
respondeu com humor: "A população norte-coreana tem
emagrecido tanto nos últimos
anos, e é chegado o momento
de forçar [o ditador] Kim Jong-il a fazer um pequeno regime".
Mas a verdadeira objeção
chinesa era outra, segundo o
embaixador da França, Jean-Marc de La Sablière. Pequim
teme confusões na inspeção de
cargueiros a caminho de portos
norte-coreanos ou que tenham
zarpado deles.
No caso, a concessão americana foi a de tornar as inspeções facultativas. Os EUA também afirmam que as inspeções
serão seletivas, poderão ser feitas nos portos de embarques ou
na própria Coréia do Norte,
com a anuência das autoridades locais -o que já parece menos verossímil.
A terceira versão do projeto
manteve a proibição de concessão de vistos a norte-coreanos
envolvidos em programas de
mísseis ou de armas.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que
a secretária de Estado, Condoleezza Rice, viajaria na próxima
semana para Pequim, Seul e
Tóquio, para discutir "a implementação da resolução".
Dúvidas técnicas
Depois do Japão, que anteontem divulgou relatório segundo o qual não detectou indícios de explosão nuclear na atmosfera norte-coreana, ontem
os Estados Unidos e a China deram informações semelhantes.
Os EUA utilizaram um avião
WC-135 para sobrevoar área
próxima às águas territoriais
norte-coreanas. A China não
citou o equipamento usado.
Mas, ao final do dia, uma fonte do governo americano revelou à agência Associated Press
que um dos testes aponta que
foi detectada radioatividade no
suposto local da explosão - e
que o teste teria fracassado.
Com agências internacionais
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