São Paulo, sábado, 14 de outubro de 2006

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ONU vota hoje sanções à Coréia do Norte

EUA cedem para impedir o veto da Rússia e da China; teste encontra radioatividade na atmosfera da região da bomba

Inspeção de navios deixa de ser obrigatória, e resolução afasta risco de intervenção militar; texto deve receber mudanças de última hora

DA REDAÇÃO

As delegações do Japão e dos Estados Unidos afirmaram ontem que o Conselho de Segurança da ONU deverá votar ainda hoje, pela manhã, as aguardadas sanções contra a Coréia do Norte, em razão de seu teste nuclear na última segunda.
O embaixador americano nas Nações Unidas, John Bolton, afirmou que o Conselho de Segurança "concordou basicamente com a votação já no sábado", mas advertiu que o texto poderá sofrer mais mudanças.
Ele apresentou uma terceira versão do projeto de resolução, capaz de neutralizar as objeções da China e da Rússia.
Diplomatas russos e chineses afirmavam ontem à noite que o texto ainda precisaria ser "aperfeiçoado". Seus governos voltaram a afirmar que se opõem a "sanções extremas", disse o chefe da diplomacia russa, Serguey Lavrov.
Mas chineses e russos também afirmavam que um consenso está muito próximo, o que parece não comprometer o cronograma de votação.
Os Estados Unidos recuaram da intenção de evocar de modo sumário o Capítulo 7 da Carta da ONU, que constata "ameaça à paz internacional" e deixa aberta a possibilidade de uma intervenção militar contra a ditadura do país comunista.
O capítulo continuará a ser mencionado. Mas com duas ressalvas: é citado o artigo 41, que exclui o uso da força militar; em outro momento, o texto de cinco páginas afirma que qualquer outra medida -como um eventual ataque à Coréia do Norte- deverá ser objeto de nova resolução.
A delegação americana queria de início que o embargo abrangesse a venda de qualquer tipo de arma. Em nova concessão, Bolton aceitou a proibição da venda só de equipamento militar pesado, como blindados, helicópteros e mísseis.
"Estamos no caminho certo, embora não tenhamos ainda um texto definitivo", disse o embaixador russo, Vitaly Churkin. Quanto à China, seu embaixador, Wang Guangya, disse não entender a proibição da venda a Pyongyang de artigos de luxo.
O embaixador americano respondeu com humor: "A população norte-coreana tem emagrecido tanto nos últimos anos, e é chegado o momento de forçar [o ditador] Kim Jong-il a fazer um pequeno regime".
Mas a verdadeira objeção chinesa era outra, segundo o embaixador da França, Jean-Marc de La Sablière. Pequim teme confusões na inspeção de cargueiros a caminho de portos norte-coreanos ou que tenham zarpado deles.
No caso, a concessão americana foi a de tornar as inspeções facultativas. Os EUA também afirmam que as inspeções serão seletivas, poderão ser feitas nos portos de embarques ou na própria Coréia do Norte, com a anuência das autoridades locais -o que já parece menos verossímil.
A terceira versão do projeto manteve a proibição de concessão de vistos a norte-coreanos envolvidos em programas de mísseis ou de armas.
O porta-voz do Departamento de Estado dos EUA disse que a secretária de Estado, Condoleezza Rice, viajaria na próxima semana para Pequim, Seul e Tóquio, para discutir "a implementação da resolução".

Dúvidas técnicas
Depois do Japão, que anteontem divulgou relatório segundo o qual não detectou indícios de explosão nuclear na atmosfera norte-coreana, ontem os Estados Unidos e a China deram informações semelhantes.
Os EUA utilizaram um avião WC-135 para sobrevoar área próxima às águas territoriais norte-coreanas. A China não citou o equipamento usado.
Mas, ao final do dia, uma fonte do governo americano revelou à agência Associated Press que um dos testes aponta que foi detectada radioatividade no suposto local da explosão - e que o teste teria fracassado.


Com agências internacionais


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