DA REDAÇÃO

O presidente dos EUA, George W. Bush, disse ontem que a aparição, anteontem, de uma fita supostamente gravada pelo terrorista saudita Osama Bin Laden deixa "o mundo em alerta".
Bush afirmou que "quem quer que tenha divulgado essa fita colocou o mundo novamente em alerta". "Estamos em guerra e temos de levar essas mensagens muito a sério. E é o que faremos."
Especialistas da CIA continuavam a analisar ontem a fita, que elogia atentados recentes e ameaça países aliados dos EUA, para definir se ela pertence ao líder da rede Al Qaeda. "É provável que seja a voz de Bin Laden, mas ainda não podemos dizer com certeza absoluta", disse um alto funcionário dos EUA, que pediu para não ter seu nome revelado.
George Michael, um analista de linguagem americano que já trabalhou na identificação de outras fitas de Bin Laden, disse à rádio BBC que poderia declarar sob juramento num tribunal que a fita foi feita pelo terrorista saudita.
Segundo ele, a mais recente gravação traz algumas diferenças com relação às mensagens anteriores. As sentenças são mais curtas e proferidas de forma mais pausada, como se a pessoa tivesse de fazer esforço para obter fôlego para falar. Isso poderia sinalizar problemas de saúde do orador.
Se confirmada a autoria da gravação, levada ao ar pela TV do Qatar Al Jazeera, seria a primeira evidência confiável de que Bin Laden sobreviveu aos bombardeios no Afeganistão. Seria também prova de que ele continuava vivo há poucas semanas, já que há na fita menções a eventos do mês passado, como o atentado a uma discoteca em Bali e a invasão de teatro de Moscou por rebeldes muçulmanos tchetchenos.
Bin Laden teria sido visto pela última vez em dezembro de 2001, nas montanhas de Tora Bora, região afegã próxima à fronteira paquistanesa.
Acredita-se que centenas de integrantes da Al Qaeda e da milícia Taleban tenham deixado o país e buscado refúgio no Paquistão.
Foi no Paquistão que um jornalista da Al Jazeera recebeu a fita cassete com a gravação atribuída ao terrorista que assumiu a autoria dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA.
Ahmad Muaffaq Zaidan disse que um emissário de Bin Laden telefonou a ele na terça-feira, marcando um encontro em Islamabad. Embora a pessoa estivesse com o rosto parcialmente coberto, o jornalista disse se tratar do mesmo emissário que levara a ele no passado outra fita supostamente de Bin Laden.
Uma autoridade dos EUA disse que, se for mesmo autêntica, a fita pode ser vista como um esforço de Bin Laden para "elevar o moral" de seus seguidores. "Trata-se de um esforço para mostrar aos membros da Al Qaeda que a sua liderança máxima ainda existe. Isso pode ser também um sinal de futuros ataques", disse.
Nem mesmo a oferta de uma recompensa de US$ 25 milhões por informações que levassem à captura de Bin Laden ajudou Washington na perseguição ao seu inimigo número um.
Antecipando os críticos, que dizem que os EUA falharam ao não conseguir prendê-lo, Bush repetiu ontem que há "grande progresso na guerra contra o terror".
Comentando uma eventual reaparição de Bin Laden, Scott McClellan, porta-voz da Casa Branca, disse: "Se está vivo, ele está fugindo. Sabemos que abalamos a sua rede terrorista. Mas é uma guerra longa que conduziremos com a coalizão global".