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GUERRA SEM LIMITES
Após meses de negociações, comunicação entre Bush e agência no período anterior aos atentados será liberada
Comissão do 11 de Setembro verá briefings secretos da CIA
PHILIP SHENON
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
A comissão que investiga os ataques de 11 de setembro de 2001
anunciou anteontem ter chegado
a um acordo com a Casa Branca
que permitirá o acesso restrito a
cópias dos briefings diários de inteligência enviados à mesa do presidente George W. Bush no período que antecedeu os ataques.
O acordo foi fechado após meses de negociações sobre os relatórios, conhecidos como briefings
diários do presidente, que são entregues a Bush e a seus principais
assessores todas as manhãs pela
Agência Central de Inteligência
(CIA).
A comissão, que é bipartidária,
tinha ameaçado obter os relatórios por meio de uma intimação
judicial. "Acreditamos que o
acordo seja satisfatório e que ele
venha a permitir que realizemos
nosso trabalho", disse a comissão,
em comunicado, que não deu detalhes sobre os termos do acordo
fechado com a Casa Branca.
Ao que parece, o acordo cria um
novo precedente de acesso externo a alguns dos relatórios de inteligência mais sigilosos do Poder
Executivo. É um precedente que a
Casa Branca não queria criar.
Funcionários da administração
admitiram temer que as informações de inteligência contidas nos
relatórios possam ser interpretadas de maneira que leve a crer que
a Casa Branca tenha tido indícios,
antes de 11 de setembro de 2001,
de que a rede terrorista Al Qaeda
estava planejando um atentado
catastrófico.
No ano passado, em resposta a
artigos publicados na imprensa, a
Casa Branca admitiu que um
briefing de agosto de 2001 já indicara que a Al Qaeda poderia estar
planejando sequestrar aviões.
Representantes da comissão revelaram que, pelos termos do
acordo, dois integrantes da comissão, que é formada por dez
membros, terão acesso à biblioteca plena de briefings diários de inteligência preparados durante as
administrações Bush e Clinton.
Dois outros serão autorizados a
ler apenas as cópias dos briefings
que a Casa Branca considera relevantes à investigação.
Conhecida formalmente como
a Comissão Nacional sobre os
Ataques Terroristas aos Estados
Unidos, o grupo foi criado no ano
passado pelo Congresso, passando por cima das objeções iniciais
da Casa Branca, e é liderado por
Thomas H. Kean, ex-governador
republicano de Nova Jersey.
Embora o acordo pareça ter o
apoio da maioria dos dez integrantes da comissão, foi criticado
por um dos membros democratas
dela, Timothy J. Roemer.
Ex-deputado pelo Estado de Indiana, Roemer declarou, em entrevista, que a Casa Branca continua a impor limites inaceitáveis
ao acesso aos briefings de inteligência.
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