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São Paulo, sexta-feira, 14 de novembro de 2003

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GUERRA SEM LIMITES

Após meses de negociações, comunicação entre Bush e agência no período anterior aos atentados será liberada

Comissão do 11 de Setembro verá briefings secretos da CIA

PHILIP SHENON
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON

A comissão que investiga os ataques de 11 de setembro de 2001 anunciou anteontem ter chegado a um acordo com a Casa Branca que permitirá o acesso restrito a cópias dos briefings diários de inteligência enviados à mesa do presidente George W. Bush no período que antecedeu os ataques.
O acordo foi fechado após meses de negociações sobre os relatórios, conhecidos como briefings diários do presidente, que são entregues a Bush e a seus principais assessores todas as manhãs pela Agência Central de Inteligência (CIA).
A comissão, que é bipartidária, tinha ameaçado obter os relatórios por meio de uma intimação judicial. "Acreditamos que o acordo seja satisfatório e que ele venha a permitir que realizemos nosso trabalho", disse a comissão, em comunicado, que não deu detalhes sobre os termos do acordo fechado com a Casa Branca.
Ao que parece, o acordo cria um novo precedente de acesso externo a alguns dos relatórios de inteligência mais sigilosos do Poder Executivo. É um precedente que a Casa Branca não queria criar.
Funcionários da administração admitiram temer que as informações de inteligência contidas nos relatórios possam ser interpretadas de maneira que leve a crer que a Casa Branca tenha tido indícios, antes de 11 de setembro de 2001, de que a rede terrorista Al Qaeda estava planejando um atentado catastrófico.
No ano passado, em resposta a artigos publicados na imprensa, a Casa Branca admitiu que um briefing de agosto de 2001 já indicara que a Al Qaeda poderia estar planejando sequestrar aviões.
Representantes da comissão revelaram que, pelos termos do acordo, dois integrantes da comissão, que é formada por dez membros, terão acesso à biblioteca plena de briefings diários de inteligência preparados durante as administrações Bush e Clinton. Dois outros serão autorizados a ler apenas as cópias dos briefings que a Casa Branca considera relevantes à investigação.
Conhecida formalmente como a Comissão Nacional sobre os Ataques Terroristas aos Estados Unidos, o grupo foi criado no ano passado pelo Congresso, passando por cima das objeções iniciais da Casa Branca, e é liderado por Thomas H. Kean, ex-governador republicano de Nova Jersey.
Embora o acordo pareça ter o apoio da maioria dos dez integrantes da comissão, foi criticado por um dos membros democratas dela, Timothy J. Roemer.
Ex-deputado pelo Estado de Indiana, Roemer declarou, em entrevista, que a Casa Branca continua a impor limites inaceitáveis ao acesso aos briefings de inteligência.


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