São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ONZE DE SETEMBRO

Ex-secretário alega não poder deixar sua consultoria e causa novo revés a investigação sobre atentados

Kissinger sai de comissão do 11 de setembro por choque de interesse

Stephen Jaffe - 27.nov.2002/France Presse
Kissinger deixa a Casa Branca após reunião com Bush, no dia 27


DA REDAÇÃO

O ex-secretário de Estado americano Henry Kissinger, 79, renunciou ontem ao cargo de presidente de uma comissão independente criada pelo presidente George W. Bush para investigar os ataques terroristas de 11 de setembro. Ele alegou haver uma controvérsia em relação a potenciais conflitos de interesse com sua atuação no setor privado.
"Está claro que [...] a controvérsia poderia rapidamente atingir a empresa de consultoria [internacional] que tenho", escreveu Kissinger em carta ao presidente Bush. Kissinger fora nomeado por Bush para a comissão no mês passado.
"Minha esperança é que, com a minha decisão, a comissão possa prosseguir sem mais controvérsias", disse Kissinger.
O ex-senador americano George Mitchell já havia desistido de ocupar a vice-presidência da mesma comissão em consequência de pressões para que se desligasse de seu escritório de advocacia. Ele disse necessitar trabalhar para sustentar sua família.
Em nota, o presidente Bush lamentou a renúncia: "Sua atuação como presidente teria contribuído com a capacidade de discernimento e de análise de que o governo necessita para compreender os métodos dos nossos inimigos e a natureza das ameaças contra nós", afirmou o presidente.
A comissão, que deverá começar a funcionar no próximo mês, terá 18 meses para investigar todos os fatos e aspectos relacionados aos atentados contra o World Trade Center e o Pentágono. Entre outras questões, examinará as regras de segurança de aviação, os procedimentos de imigração, assim como a atuação das agências de inteligência dos EUA e da diplomacia americana.
O relatório final deverá ser divulgado a menos de seis meses das eleições presidenciais de 2004. Devido à importância da investigação e de suas conclusões, a oposição democrata e o governo republicano têm entrado em conflito sobre a composição do grupo e as regras de funcionamento.
Os democratas exigem que todos os membros da comissão sejam obrigados a tornar público qualquer potencial conflito de interesse entre sua atuação na comissão de investigação e na iniciativa privada, assim como sua lista de clientes.
Mas a Casa Branca tem defendido a tese de que nomes indicados por Bush, em especial o de Kissinger, não seriam obrigados pela lei a divulgar esse tipo de informação de caráter privado e pessoal.

Com agências internacionais


Texto Anterior: Coréia do Norte: Para Seul, plano nuclear do vizinho é "inaceitável"
Próximo Texto: Iraque na mira: EUA e ONU vêem falha no texto de armas iraquiano
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.