São Paulo, sábado, 14 de dezembro de 2002

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EUROPA

Ajuda aos dez novos membros será de 40,83 bi

UE faz acordo sobre como pagar a conta da expansão para o leste

DA REDAÇÃO

Abrindo caminho para a maior expansão da história da União Européia, os líderes dos 15 países-membros do bloco e dos dez candidatos a aderir a ele, a maioria destes do Leste Europeu, chegaram a um acordo ontem sobre o financiamento da ampliação, que deverá ocorrer em 2004.
Ainda ontem, na cúpula realizada em Copenhague, na Dinamarca, os chefes de Estado e de governo dos países da UE confirmaram que a Turquia poderá começar a negociar sua entrada no bloco em dezembro de 2004 se conseguir mostrar que respeita os critérios de adesão.
A Turquia, que conta com o apoio de Washington, queria que as negociações começassem em 2003, mas, mesmo assim, disse aceitar a decisão da UE, pois ao menos uma data clara foi marcada. Para mostrar sua boa vontade, Ancara aceitou levantar seu veto aos planos da UE de montar uma força de manutenção da paz que usará parte da capacidade militar da Otan (aliança militar ocidental). A Turquia faz parte da Otan.
Há muito tempo, a administração americana pressiona os líderes da UE a dar início às negociações com a Turquia. De acordo com especialistas, os EUA têm duas razões para querer que a Turquia seja aceita pelos Estados europeus. Primeiro, com isso, a Turquia seria "influenciada pelo clima democrático europeu". Segundo, as bases turcas seriam indispensáveis caso os EUA decidissem atacar o Iraque, do ditador Saddam Hussein.
Porém, ontem, as atenções estavam voltadas para as negociações sobre o financiamento da ampliação do bloco, que só terminaram após quatro horas de tensos debates. "A entrada dos dez candidatos porá fim às divisões existentes na Europa", disse Romano Prodi, presidente da Comissão Européia, o órgão executivo da UE.
O acordo só foi concluído após muitas negociações porque os países candidatos, sobretudo a Polônia e a República Tcheca, travaram uma longa batalha para obter mais vantagens financeiras para aderir ao bloco.
A UE pagará 40,83 bilhões a seus dez novos membros entre 2004 e 2006, ou seja, 430 milhões a mais do que fora oferecido no início do encontro de Copenhague. "Trata-se de um bom acordo. Em minha opinião, poderemos vencer o referendo", declarou Leszek Miller, primeiro-ministro polonês, aludindo ao referendo que será realizado nos países candidatos. Se não obtiverem a anuência popular, eles não entrarão na UE.
Os dez novos membros da UE serão a Estônia, a Letônia, a Lituânia, a Polônia, a Hungria, a República Tcheca, a Eslováquia, a Eslovênia, Chipre e Malta.
A entrada desses países no bloco representa a maior e mais ambiciosa ampliação da UE desde que ela foi criada, em 1957, pelo Tratado de Roma. Essa expansão porá fim a um dos últimos resquícios da Guerra Fria, unificando a Europa mais de meio século após o final da Segunda Guerra.
Os líderes europeus também confirmaram que, se tudo correr normalmente, a Bulgária e a Romênia poderão aderir à UE em 2007.
Com seus dez novos membros, a UE se tornará o maior mercado mundial, com quase 450 milhões de habitantes. O Nafta (Acordo de Livre Comércio da América do Norte), que reúne os EUA, o Canadá e o México, tem pouco menos de 420 milhões de pessoas.
A única falha da cúpula na Dinamarca foi não conseguir pôr fim à crise de Chipre, ilha dividida entre os habitantes de origem grega e os de origem turca há 28 anos. Apenas a parte grega da ilha entrará na UE por enquanto.


Com agências internacionais


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