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São Paulo, domingo, 14 de dezembro de 2003

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SAÚDE

Governo recomenda à mídia que recuse mensagens de remédios que prometem maravilhas contra o excesso de peso

EUA querem banir anúncio de "milagre" para emagrecer

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

"Perca 2 kg por semana sem dieta nem exercícios." "Emagreça para sempre comendo de tudo na quantidade que quiser."
A divulgação publicitária dessas promessas milagrosas de emagrecimento pode estar com os dias contados nos EUA. Uma campanha lançada agora pelo Departamento de Proteção ao Consumidor, órgão da Comissão Federal de Comércio dos EUA, pretende convencer as empresas de mídia a não veicular anúncios de produtos contra obesidade que não tenham eficácia comprovada.
"Infelizmente há muitos anúncios de produtos cujas promessas de redução de peso são cientificamente impossíveis", afirmou Timothy Muris, presidente da Comissão Federal de Comércio.
Para auxiliar a mídia, o departamento preparou uma lista das promessas enganosas mais comuns e uma explicação científica que contradiz a premissa milagrosa da propaganda.
No caso de anúncios que afirmam que o consumo de determinado produto causa "perda de peso rápida sem dieta nem exercício físico", o órgão argumenta, no manual distribuído à mídia, que "é falsa toda a propaganda que anuncia ou sugere que os consumidores podem ter uma perda significativa de peso sem uma mudança no estilo de vida".
Numa categoria mais abrangente, estão os artefatos que anunciam ser possível a redução de peso por meio de adesivos, palmilhas, cintas, cremes e outros. "Esses produtos não causam perda significativa de peso. A mensagem de que uma pessoa pode perder um quilo ou mais por semana por usar um desses produtos é falsa", afirma o departamento.
"Nesta primeira etapa, queremos que a adesão à campanha seja voluntária. Partimos do pressuposto de que a mídia não quer divulgar anúncios enganosos", disse Richard Cleland, do Departamento de Proteção ao Consumidor. Cleland não comentou, porém, se uma segunda etapa envolveria processos contra empresas de comunicação que veicularem os anúncios enganosos.
Paul Boyle, da Associação de Jornais dos EUA, declarou que a publicação do manual é um "bom instrumento educacional", mas fez ressalvas. Segundo ele, os fabricantes devem ser os responsáveis pela veracidade das informações, não a mídia.
Com mais de 60% da população acima do peso ideal, o mercado de produtos de combate à obesidade está em alta nos EUA. Por ano, os consumidores gastam cerca de US$ 40 bilhões. As projeções calculam que esse valor possa chegar a US$ 48 bilhões em 2006.
Dados da Comissão Federal de Comércio mostram, entretanto, que 55% das propagandas de artigos contra a obesidade possuem alguma expressão considerada enganosa como "impedir a absorção de gordura" ou "reduzir peso em partes específicas do corpo". A pesquisa analisou 300 anúncios veiculados na mídia e panfletos recebidos pelo correio em 2001.
Fabricante da Thermo Charge (cápsula de emagrecimento), Ron Schneider diz não temer a campanha, apesar de o site do produto utilizar fartamente expressões vetadas pelo governo, tais como "[o produto] assegura a perda de peso pelo bloqueio e a inibição da ingestão de gordura".
"O meu produto é o resultado de cinco anos de pesquisa. Não faço anúncios na TV. Minha maior propaganda é boca a boca", disse Schneider. "Tudo o que está no site é comprovado cientificamente. Sou um cientista responsável."


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