São Paulo, quinta-feira, 14 de dezembro de 2006

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Brasil aproximou posições, diz Itamaraty

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota em que avalia que o consenso conseguido ontem pelo Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas "reforçou a proteção dos direitos humanos e o fim da seletividade e da politização que caraterizaram a Comissão de Direitos Humanos" -substituída em junho deste ano pelo atual Conselho de Direitos Humanos.
Segundo a nota, a meta é buscar uma solução consensual e implementar com o governo sudanês projetos de cooperação patrocinados pela comunidade internacional.
Ainda de acordo com a nota, a atuação do governo brasileiro contribuiu para aproximar posições. Segundo diplomatas ouvidos pela Folha, o governo brasileiro trabalhou para chegar a essa posição e evitou divulgar se votaria na resolução européia durante a semana para forçar o consenso -já que defendia a inclusão de emendas africanas.
O objetivo do governo brasileiro era garantir a consenso e não a imposição de uma resolução feita por um único grupo, o europeu. De acordo com o Itamaraty, é a primeira vez que 55% dos votos do Conselho de Direitos Humanos, portanto mais da metade, são de países africanos e asiáticos.
A posição, contudo, havia atraído críticas de entidades que lidam com a crise humanitária na região.
ONGs viram na tendência de não aderir à proposta européia uma ambigüidade ditada pelo interesses de ter o apoio da África à postulação brasileira por uma cadeira no Conselho de Segurança da ONU.
Antes da votação, o ministro-chefe da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse ontem que o Brasil estaria correto em se abster. "Muitas vezes o Brasil tem de se abster -e a abstenção é mal interpretada, porque quem analisa não conhece diplomacia-, porque é a maneira de seguir insistindo num trabalho de convencimento", disse.
"O que nós temos conhecimento? É que há violência contra as populações vulneráveis de Darfur. Agora, a maneira de fazer isso [intervir] não é meramente fazer a condenação, porque a condenação às vezes leva o agressor a criar uma situação em que só restaria uma alternativa, a guerra", acrescentou.


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