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HAITI EM RUÍNAS
Brasil vai ajudar país a enterrar os mortos
Nelson Jobim anuncia uma série de medidas para evitar epidemias e aumentar a segurança na capital do país caribenho
Hoje começa a ser montado um hospital de campanha que poderá atender de 300 a 400 pacientes por dia e terá 20 leitos para casos graves
DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, anunciou ontem que o
governo brasileiro vai ajudar na
remoção dos milhares de corpos espalhados em Porto Príncipe, capital do Haiti. Jobim se
reuniu com o presidente René
Préval e pediu que ele indicasse
um local para colocar os corpos.
O receio é que passadas 48 horas do terremoto, a cidade passe a sofrer com uma epidemia.
O Brasil providenciará bênçãos cristãs, luteranas e vodu
para os mortos. Os corpos só
serão tocados por haitianos. A
restrição tem o objetivo de respeitar a tradição local.
Além de Jobim, participaram
do encontro com Préval os comandantes da Marinha, Júlio
Soares de Moura Neto, e do
Exército, Enzo Martins Peri.
O presidente do Haiti disse
que a prioridade é restabelecer
as comunicações para facilitar
as ações de governo. "Cada vez
que o presidente tem que falar
com o primeiro-ministro, tem
que mandar buscá-lo. Se o primeiro-ministro quer falar com
o chefe da polícia, não sabe onde ele está", disse Préval.
O segundo problema grave a
ser resolvido com urgência é a
remoção dos destroços para desobstruir as vias, e o terceiro é o
suprimento de combustíveis
para carros do próprio governo.
Hoje, o Brasil começa a montar um hospital de campanha
com capacidade de atendimento diário de 300 a 400 pacientes
e 20 leitos para pacientes mais
graves em região próxima ao local da base militar. Caso haja
grande procura com casos mais
graves, o Brasil deverá transferir os doentes para a República
Dominicana. O hospital terá 50
profissionais de saúde.
O Brasil também deve ajudar
na remoção dos destroços que
em alguns casos inviabilizam a
circulação por parte da cidade.
A AmBev se ofereceu para enviar 13 carretas de água potável
trazidas da República Dominicana. O governo negocia ainda
a dispensa de passaporte para
os que vierem ajudar na prestação de socorros ao Haiti.
Segundo Jobim, dois dias
após o terremoto existem sinais de "inquietação da população". Para evitar a evolução
desse quadro para um cenário
de criminalidade, o general
Jorge Armando Felix, ministro
do Gabinete de Segurança Institucional, está coordenando
um gabinete de crise que vai
trazer material não letal para a
missão de paz.
"Não obstante o desastre, o
povo haitiano não demonstra
ódio e nem rancor. É um país
que acumula décadas de sofrimento", disse Jobim.
O ministro diz que há necessidade de instalar barracas e
tendas para alojar a população
que perdeu sua casa ou que teme voltar para prédios que estão comprometidos. O Brasil
também se ofereceu para coordenar a logística de distribuição de donativos. O ministro
afirmou que em razão do terremoto serão mandados mais 60
oficiais da Força Aérea e que o
país poderá aumentar ainda
mais o efetivo caso necessário.
Jobim regressou ontem para
o Brasil. Já os corpos dos 14 militares brasileiros que morreram após o terremoto só serão
enviados ao Brasil depois de receberem certificação da ONU.
(JANAINA LAGE)
Colaborou a Sucursal de Brasília
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