São Paulo, sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

HAITI EM RUÍNAS

Brasil vai ajudar país a enterrar os mortos

Nelson Jobim anuncia uma série de medidas para evitar epidemias e aumentar a segurança na capital do país caribenho

Hoje começa a ser montado um hospital de campanha que poderá atender de 300 a 400 pacientes por dia e terá 20 leitos para casos graves


DA ENVIADA A PORTO PRÍNCIPE

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ontem que o governo brasileiro vai ajudar na remoção dos milhares de corpos espalhados em Porto Príncipe, capital do Haiti. Jobim se reuniu com o presidente René Préval e pediu que ele indicasse um local para colocar os corpos. O receio é que passadas 48 horas do terremoto, a cidade passe a sofrer com uma epidemia.
O Brasil providenciará bênçãos cristãs, luteranas e vodu para os mortos. Os corpos só serão tocados por haitianos. A restrição tem o objetivo de respeitar a tradição local.
Além de Jobim, participaram do encontro com Préval os comandantes da Marinha, Júlio Soares de Moura Neto, e do Exército, Enzo Martins Peri.
O presidente do Haiti disse que a prioridade é restabelecer as comunicações para facilitar as ações de governo. "Cada vez que o presidente tem que falar com o primeiro-ministro, tem que mandar buscá-lo. Se o primeiro-ministro quer falar com o chefe da polícia, não sabe onde ele está", disse Préval.
O segundo problema grave a ser resolvido com urgência é a remoção dos destroços para desobstruir as vias, e o terceiro é o suprimento de combustíveis para carros do próprio governo.
Hoje, o Brasil começa a montar um hospital de campanha com capacidade de atendimento diário de 300 a 400 pacientes e 20 leitos para pacientes mais graves em região próxima ao local da base militar. Caso haja grande procura com casos mais graves, o Brasil deverá transferir os doentes para a República Dominicana. O hospital terá 50 profissionais de saúde.
O Brasil também deve ajudar na remoção dos destroços que em alguns casos inviabilizam a circulação por parte da cidade. A AmBev se ofereceu para enviar 13 carretas de água potável trazidas da República Dominicana. O governo negocia ainda a dispensa de passaporte para os que vierem ajudar na prestação de socorros ao Haiti.
Segundo Jobim, dois dias após o terremoto existem sinais de "inquietação da população". Para evitar a evolução desse quadro para um cenário de criminalidade, o general Jorge Armando Felix, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, está coordenando um gabinete de crise que vai trazer material não letal para a missão de paz.
"Não obstante o desastre, o povo haitiano não demonstra ódio e nem rancor. É um país que acumula décadas de sofrimento", disse Jobim.
O ministro diz que há necessidade de instalar barracas e tendas para alojar a população que perdeu sua casa ou que teme voltar para prédios que estão comprometidos. O Brasil também se ofereceu para coordenar a logística de distribuição de donativos. O ministro afirmou que em razão do terremoto serão mandados mais 60 oficiais da Força Aérea e que o país poderá aumentar ainda mais o efetivo caso necessário.
Jobim regressou ontem para o Brasil. Já os corpos dos 14 militares brasileiros que morreram após o terremoto só serão enviados ao Brasil depois de receberem certificação da ONU. (JANAINA LAGE)

Colaborou a Sucursal de Brasília



Texto Anterior: Parentes buscam informação de desaparecidos pela internet
Próximo Texto: Construtora do Brasil ajuda a tirar escombros
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.