São Paulo, sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

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No vodu, alma ronda corpo após morte

DA EQUIPE DE ARTICULISTAS

Embora a liturgia do vodu haitiano varie bastante de acordo com a região do país e com as tradições de cada família, os rituais fúnebres são considerados uma parte importante da religião e da vida social.
Para o vodu, depois que uma pessoa morre, sua alma -composta pelo "gro bonange" (grande anjo bom, ou força universal da vida) e pelo "ti bonange" (pequeno anjo bom, a essência individual do morto)- fica pairando perto do corpo por um período de sete a nove dias. Nesse tempo, o "ti bonange" fica exposto ao ataque de feiticeiros, que poderiam transformar o defunto em zumbi, como relata a escritora Yvonne Perry.
Mas, se tudo correr bem e os rituais necessários forem ministrados, a alma será separada do corpo e poderá viver nas "águas escuras" por um ano e um dia. Se, nesse intervalo, algo de errado acontecer, o "ti bonange" pode ficar vagando pela terra e trazer má sorte para a família.
Depois de um ano e um dia, parentes realizam um rito no qual a alma do morto é colocada num pote de barro chamado de "govi", que será tratado como um deus por algum tempo.
Numa cerimônia subsequente, o pote pode ser queimado ou quebrado, liberando o espírito para viver em "lafrik gine" (áfrica guiné, ou a terra dos mortos), onde ficará em paz até renascer. Esse processo ocorre 16 vezes, ao cabo das quais o espírito se funde à energia cósmica.
No plano social, a mobilização é intensa. Durante cerca de uma semana, parentes e amigos se reúnem no quintal do morto para celebrações, que incluem jejuns e consumo de rum.
O vodu haitiano é, como a umbanda e o candomblé brasileiros, religião sincrética formada a partir do catolicismo e de elementos do vodu africano. A mistura resultou da conversão forçada dos escravos. O panteão africano foi identificado a santos católicos, e Deus, na melhor tradição panteísta, existe mas não interfere no mundo. (HÉLIO SCHWARTSMAN)


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