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No vodu, alma ronda corpo após morte
DA EQUIPE DE ARTICULISTAS
Embora a liturgia do vodu haitiano varie bastante
de acordo com a região do
país e com as tradições de
cada família, os rituais fúnebres são considerados
uma parte importante da
religião e da vida social.
Para o vodu, depois que
uma pessoa morre, sua alma -composta pelo "gro
bonange" (grande anjo
bom, ou força universal da
vida) e pelo "ti bonange"
(pequeno anjo bom, a essência individual do morto)- fica pairando perto
do corpo por um período
de sete a nove dias. Nesse
tempo, o "ti bonange" fica
exposto ao ataque de feiticeiros, que poderiam
transformar o defunto em
zumbi, como relata a escritora Yvonne Perry.
Mas, se tudo correr bem
e os rituais necessários forem ministrados, a alma
será separada do corpo e
poderá viver nas "águas
escuras" por um ano e um
dia. Se, nesse intervalo, algo de errado acontecer, o
"ti bonange" pode ficar vagando pela terra e trazer
má sorte para a família.
Depois de um ano e um
dia, parentes realizam um
rito no qual a alma do morto é colocada num pote de
barro chamado de "govi",
que será tratado como um
deus por algum tempo.
Numa cerimônia subsequente, o pote pode ser
queimado ou quebrado, liberando o espírito para viver em "lafrik gine" (áfrica
guiné, ou a terra dos mortos), onde ficará em paz
até renascer. Esse processo ocorre 16 vezes, ao cabo
das quais o espírito se funde à energia cósmica.
No plano social, a mobilização é intensa. Durante
cerca de uma semana, parentes e amigos se reúnem
no quintal do morto para
celebrações, que incluem
jejuns e consumo de rum.
O vodu haitiano é, como
a umbanda e o candomblé
brasileiros, religião sincrética formada a partir do
catolicismo e de elementos do vodu africano. A
mistura resultou da conversão forçada dos escravos. O panteão africano foi
identificado a santos católicos, e Deus, na melhor
tradição panteísta, existe
mas não interfere no mundo.
(HÉLIO SCHWARTSMAN)
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