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HAITI EM RUÍNAS
Brasil gasta R$ 700 mi com missão de paz
Total usado em 6 anos é o dobro do que o governo pretende investir em 2010 no Sistema Único de Segurança Pública
Despesas do país no Haiti seriam reembolsadas pelas Nações Unidas, mas apenas R$ 288,84 mi voltaram aos cofres públicos desde 2004
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em seis anos de participação
na Minustah (a missão de estabilização da Nações Unidas no
Haiti), o governo brasileiro já
gastou um total de R$ 703,58
milhões com o envio e manutenção de tropas. No ano passado, o Brasil utilizou 62% do
montante previsto com missões de paz, sendo que a principal missão é no Haiti.
A cifra de mais de R$ 700 milhões é o dobro do proposto pelo governo em 2010 para o gasto com o Sistema Único de Segurança Pública.
Para este ano, o Orçamento
já aprovado pelo Congresso (e
que está aguardando sanção do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva) reservou um valor recorde. Serão R$ 140 milhões, um
acréscimo de 10% sobre os R$
125 milhões previstos inicialmente no ano passado.
Mas esse é o valor orçado pelo governo, não necessariamente o gasto. Em 2009, por
exemplo, foram efetivamente
gastos apenas R$ 79,52 milhões
na rubrica "participação brasileira em missões de paz", segundo o site Contas Abertas,
com base no Siafi (o sistema de
acompanhamento de gastos do
governo federal).
Isso equivale a 62% do dinheiro orçado. O restante passa
a ser denominado "restos a pagar", podendo ser gasto em
2010. O governo não informou
a razão de não ter usado todo o
dinheiro previsto.
A Minustah é a principal missão de paz internacional integrada pelo Brasil, mas há outras
(no Timor Leste, por exemplo),
em que os contingentes são
bem pequenos.
Em tese, as despesas do Brasil com missões de paz teriam
de ser reembolsadas pelas Nações Unidas, mas essa é uma
prática que ocorre apenas parcialmente.
De acordo com informações
do Ministério da Defesa, desde
o início da Minustah, em 2004,
apenas R$ 288,84 milhões foram devolvidos ao governo. O
saldo a receber da ONU é de R$
414,74 milhões.
Liderança no Haiti
O Brasil tem o comando da
tropa e o principal contingente,
com 1.266 militares. Durante a
participação na missão (geralmente por seis meses), cada
militar recebe um salário variando de US$ 972 (no caso de
cabo ou soldado) a US$ 4.000
(oficial superior).
No total, a missão da ONU no
Haiti tem Orçamento anual de
US$ 638 milhões, o que significa dizer que o Brasil sozinho
responde por cerca de 12,5%
desse total, levando em conta o
câmbio de ontem.
Das 14 missões de paz mantidas atualmente pelas Nações
Unidas, a Minustah é a quinta
mais cara -a líder é a de Darfur,
na região oeste do Sudão, que
representa um custo anual de
US$ 1,67 bilhão.
Mais soldados
Ontem, o Ministério da Defesa afirmou que está pronto para
aumentar o efetivo brasileiro
na Minustah, se a situação de
segurança no Haiti se deteriorar no futuro próximo. Mas não
foi informada a quantidade de
tropas que poderiam ser disponibilizadas.
Para que o número de tropas
na missão seja reforçado, no
entanto, é preciso haver um
trâmite burocrático, que inclui
uma solicitação formal das Nações Unidas nesse sentido.
Além disso, novos recursos orçamentários para a operação
teriam de ser aprovados pelo
Congresso Nacional brasileiro.
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