São Paulo, Sexta-feira, 15 de Janeiro de 1999
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IMPEACHMENT
Promotores apresentam argumentos pela destituição do presidente; Hyde afirma que vai provar "conduta criminosa"
Acusação quer depoimento de Clinton

Associated Press
Imagem de TV mostra o Senado dos EUA no início dos debates sobre o impeachment do presidente Clinton


MARCELO DIEGO
de Nova York

Henry Hyde, representante (deputado) republicano e líder dos 13 promotores que acusam o presidente dos EUA no processo de impeachment, disse ontem que Bill Clinton pode ser chamado para prestar depoimento no Senado.
A declaração foi dada no primeiro dia da apresentação dos argumentos da acusação no julgamento de Clinton pelos senadores. O debate foi iniciado formalmente às 16h04 (horário de Brasília).
Os promotores estão usando 24 horas intercaladas (num total de três dias) para apresentar as acusações contra Clinton. Depois, os advogados presidenciais vão dispor do mesmo tempo para a defesa.
As apresentações acontecem no plenário do Senado, composto por 100 membros, sendo 55 republicanos (oposicionistas). Para o impeachment de Clinton ser aprovado, serão necessários dois terços dos votos dos senadores presentes.
Somente após as duas apresentações é que o Senado vai decidir se é necessário convocar testemunhas para depor. A fala de Hyde é uma pressão nesse sentido.
Hyde abriu os trabalhos ontem dizendo que sua equipe iria provar a "conduta criminosa" de Clinton. A base da acusação, um documento de 105 páginas, diz que os atos do presidente violaram a lei.
"O presidente se colocou acima do lei", disse o deputado James Sensenbrenner. Sempre que possível, promotores reforçaram a necessidade de chamar testemunhas.
Antes da apresentação, Hyde havia dito que há interesse em convocar o próprio Clinton.
A Casa Branca não se manifestou sobre o assunto. O presidente viajou para a Virgínia (Costa Leste) e segue hoje para Nova York.
Um porta-voz disse que os assessores jurídicos se reuniram à tarde, para finalizar detalhes da defesa. Eles vão dizer que não há base legal para remover o presidente.
O jornal "The New York Times" divulgou ontem que os promotores tiveram um encontro secreto com três senadores republicanos, anteontem. Seria um indício de que os depoimentos devem ser permitidos no processo, que não tem prazo para acabar.
Representantes e senadores já teriam discutido critérios para convocar testemunhas e nomes a serem chamados. Monica Lewinsky, a pivô do escândalo que pode afastar o presidente, deve ser chamada.
O Senado está debatendo duas acusações contra Clinton: obstrução à Justiça no caso Paula Jones (funcionária pública, que acusava o presidente de assédio sexual) e falso testemunho frente ao júri de inquérito na investigação de seu relacionamento com Lewinsky.
O presidente Bill Clinton é o segundo a ser julgado em um caso de impeachment pelo Senado. O primeiro foi Andrew Johnson, em 1868, absolvido por um voto.


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