São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2000


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TCHETCHÊNIA
Moscou não pretende reconstruir a capital tchetchena, destruída na guerra
Rússia proíbe entrada em Grozni

das agências internacionais

O Exército russo proibiu a entrada de civis em Grozni, capital da Tchetchênia. A iniciativa pode indicar a intenção da Rússia de não reconstruir a cidade e transferir a capital da Província para Gudermes, segunda maior cidade tchetchena.
"A cidade ainda não está segura, por isso a entrada está proibida", disse o general Viktor Kazantsev, um dos comandantes das forças russas na campanha tchetchena iniciada em outubro do ano passado.
"Além disso, os bandidos tentam se infiltrar na cidade junto com os civis para tirar seus feridos", afirmou o militar.
Falando sobre o possível trabalho de reconstrução da cidade, que está quase totalmente destruída por causa dos pesados bombardeios feitos pelos russos durante o cerco, Kazantsev disse "que não há dinheiro para uma obra dessas".
A proibição da entrada de civis se dá poucos dias antes de uma data lembrada pelos independentistas tchetchenos: 23 de fevereiro. Nesse dia, em 1944, o líder soviético Josef Stálin ordenou a deportação de todos os tchetchenos da região. Eles só voltaram anos mais tarde.
Os tchetchenos comemoravam a data desde 1996 como forma de lembrar o domínio russo. A Tchetchênia usufruía uma autonomia de fato desde a guerra contra a Rússia (94-96), que deixou mais de 40 mil mortos.
Moscou afirma que ataca os tchetchenos em represália a separatistas apoiados por Grozni que querem impor um Estado islâmico no Daguestão -também território russo- e que seriam responsáveis por atentados a bomba em cidades russas.
Analistas políticos dizem que a razão para a campanha seria reafirmar o domínio russo sobre a região -estratégica por causa dos oleodutos que vêm do mar Cáspio em direção ao mar Negro.
O ministro da Defesa russo, Igor Sergueiev, afirmou que a operação militar no território estará terminada "daqui a um mês", ainda a tempo para as eleições presidenciais, que acontecerão dia 26 de março.
Moscou afirma que cercou mais de 8.000 rebeldes nas montanhas. "Vamos acabar com eles como se fossem um bolo, camada por camada", disse o general Vladimir Shamanov.
O presidente em exercício, Vladimir Putin, é tido como favorito e sua popularidade aumenta por causa das vitórias militares anunciadas.

Jornalista preso
O prefeito de Moscou, Iuri Lujkov, disse ontem que "temia pela liberdade de expressão no país". Ele se referia ao desaparecimento do jornalista Andrei Babitski, que teria sido trocado com rebeldes tchetchenos por soldados russos capturados.
Os guerrilheiros tchetchenos afirmam não saber do paradeiro do jornalista.


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