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GUERRA SEM LIMITES
Australiano acusado de terror diz ter sido torturado sob custódia de EUA e Paquistão; Washington nega maus-tratos
Preso relata ameaça de ataque sexual por cachorro
DA REDAÇÃO
O cidadão australiano suspeito
de terrorismo Mamdouh Habib,
49, afirmou anteontem que foi
torturado e sofreu abusos sexuais quando estava detido sob
poder dos EUA. Ele chegou a ser
ameaçado de ser violentado por
um cão treinado.
Habib, nascido no Egito, foi internado ontem em um hospital
de Sydney após sentir dores no
peito. Horas antes, suas acusações foram transmitidas em rede
nacional durante entrevista ao
programa "60 Minutes", da rede
Nine Network.
Ele foi preso no Paquistão logo
depois dos ataques do 11 de Setembro, acusado de ter ligações
com a rede terrorista Al Qaeda.
Três semanas depois, foi transferido para o Egito, onde passou
seis meses, e depois para a base
americana de Guantánamo, em
Cuba. Depois de três anos e
meio, ele foi libertado. Os EUA
não encontraram provas do seu
envolvimento com a rede.
Habib disse que, quando estava sob poder de forças americanas e paquistanesas, foi espancado, filmado nu e ameaçado de
ser violentado por um cão, que
supostamente teria sido treinado
para fazer sexo com humanos
-forma de tortura que nunca
havia sido noticiada.
Ele diz ainda que, no Egito, foi
violentado, recebeu choques elétricos e foi obrigado a tomar drogas. Sangue menstrual -considerado impuro pelos muçulmanos- também teria sido esfregado em seu rosto. Ele já havia
dito que sofreu maus-tratos em
Guantánamo.
A Austrália vai pedir ao governo americano que examine as
declarações. "Nós colocamos aos
EUA as acusações de Habib. Eles
afirmaram que a sua investigação, até o momento, não encontrou provas de tortura", disse o
procurador-geral australiano
Philip Ruddock. "Eu vou pedir
aos meus funcionários que levem aos EUA a entrevista." O governo do país diz que seus presos
são tratados humanitariamente.
O australiano nega qualquer
envolvimento com terrorismo,
mas diz que fez falsas confissões
para evitar novas sessões de tortura. "A forma como os americanos estão tratando as pessoas faz
deles terroristas. Eles não têm
humanidade", afirmou Habib.
No mês passado, o Pentágono
disse que iria investigar uma série de acusações de tortura referentes à prisão em Cuba, que vieram à tona em documentos do
FBI (polícia federal americana).
Com agências internacionais
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