São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

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GUERRA SEM LIMITES

Australiano acusado de terror diz ter sido torturado sob custódia de EUA e Paquistão; Washington nega maus-tratos

Preso relata ameaça de ataque sexual por cachorro

DA REDAÇÃO

O cidadão australiano suspeito de terrorismo Mamdouh Habib, 49, afirmou anteontem que foi torturado e sofreu abusos sexuais quando estava detido sob poder dos EUA. Ele chegou a ser ameaçado de ser violentado por um cão treinado.
Habib, nascido no Egito, foi internado ontem em um hospital de Sydney após sentir dores no peito. Horas antes, suas acusações foram transmitidas em rede nacional durante entrevista ao programa "60 Minutes", da rede Nine Network.
Ele foi preso no Paquistão logo depois dos ataques do 11 de Setembro, acusado de ter ligações com a rede terrorista Al Qaeda. Três semanas depois, foi transferido para o Egito, onde passou seis meses, e depois para a base americana de Guantánamo, em Cuba. Depois de três anos e meio, ele foi libertado. Os EUA não encontraram provas do seu envolvimento com a rede.
Habib disse que, quando estava sob poder de forças americanas e paquistanesas, foi espancado, filmado nu e ameaçado de ser violentado por um cão, que supostamente teria sido treinado para fazer sexo com humanos -forma de tortura que nunca havia sido noticiada.
Ele diz ainda que, no Egito, foi violentado, recebeu choques elétricos e foi obrigado a tomar drogas. Sangue menstrual -considerado impuro pelos muçulmanos- também teria sido esfregado em seu rosto. Ele já havia dito que sofreu maus-tratos em Guantánamo.
A Austrália vai pedir ao governo americano que examine as declarações. "Nós colocamos aos EUA as acusações de Habib. Eles afirmaram que a sua investigação, até o momento, não encontrou provas de tortura", disse o procurador-geral australiano Philip Ruddock. "Eu vou pedir aos meus funcionários que levem aos EUA a entrevista." O governo do país diz que seus presos são tratados humanitariamente.
O australiano nega qualquer envolvimento com terrorismo, mas diz que fez falsas confissões para evitar novas sessões de tortura. "A forma como os americanos estão tratando as pessoas faz deles terroristas. Eles não têm humanidade", afirmou Habib.
No mês passado, o Pentágono disse que iria investigar uma série de acusações de tortura referentes à prisão em Cuba, que vieram à tona em documentos do FBI (polícia federal americana).


Com agências internacionais


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