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RELIGIÃO
Governo declara luto em memória de uma das crianças que viram aparição de Nossa Senhora em Fátima, em 1917
Morte da freira que viu a Virgem pára Portugal
DA REDAÇÃO
A morte da freira Lúcia de Jesus
dos Santos, 97, que, no passado,
foi uma das três crianças que declararam ter visto a Virgem Maria
em Fátima, parou Portugal. O governo decretou luto oficial hoje, e
os principais partidos políticos
cancelaram a campanha para as
eleições do próximo domingo.
"Lúcia é uma grande figura na
história recente de Portugal", disse o premiê Pedro Santana Lopes.
Segundo ele, a morte de Lúcia é
"um momento impressionante
para Portugal e para o mundo,
tanto para os católicos quanto para os outros, pois ela teve uma vida impressionante".
A coalizão governamental (o
Partido Social-Democrata e o
Partido Popular) cancelou suas
atividades de campanha até hoje.
O Partido Socialista (oposição),
que está à frente nas pesquisas,
não cancelou todas as atividades,
mas anunciou uma redução.
O presidente de Portugal, Jorge
Sampaio, declarou que Lúcia "era
um símbolo e um ponto de referência para muitas pessoas, em
Portugal e no mundo." As bandeiras no país deverão estar hoje a
meio pau, em sinal de luto.
Visões da Virgem Maria
Lúcia foi uma das três crianças
que declararam ter visto a Virgem
Maria em Fátima, uma cidade
agrícola a 190 km de Lisboa, uma
vez por mês, de 13 de maio até 13
de outubro de 1917. Elas tiveram
visões que teriam predito a Segunda Guerra, o fim da União Soviética e o atentado contra o papa
João Paulo 2º, em 1981. As outras
crianças eram os primos de Lúcia,
Jacinta e Francisco, que morreram poucos anos depois e foram
beatificadas pelo papa em 2000.
Inicialmente, a Igreja Católica
reagiu com ceticismo à aparição,
mas, em 1930, reconheceu o acontecimento como um milagre.
A cidade se tornou um dos
maiores locais de peregrinação
para católicos no mundo. Cerca
de 100 mil pessoas viajam a Fátima anualmente para a comemoração do aniversário da aparição.
Ao longo do ano passado, 3,75
milhões de católicos de todo o
mundo passaram pelo local.
O papa João Paulo 2º declarou
algumas vezes acreditar que foi
Nossa Senhora de Fátima que impediu sua morte no atentado que
sofreu em 1981. "Uma mão disparou o revólver, e outra guiou o tiro", ele disse. O atentado ocorreu
no dia de Nossa Senhora de Fátima, 13 de maio. Um extremista
turco de direita, chamado Mehmed Ali Agca, disparou três tiros
contra o papa, mas as balas não
atingiram nenhum órgão vital.
Após o atentado, o papa mandou colocar uma das balas que o
feriram na coroa da estátua de
Nossa Senhora em Fátima. O Vaticano, recentemente, anunciou
que o atentado contra o papa era a
última das três visões das crianças, que ficara em segredo por
mais de 80 anos. Na visão, Lúcia
declarou que aparecia "um bispo
vestido de branco, que era morto
por um grupo de soldados disparando revólveres e flechas".
Recuperando-se de uma forte
gripe que o deixou internado por
nove dias, o papa não comparecerá ao enterro, mas será representado pelo cardeal italiano Tarcisio
Bertone, arcebispo de Gênova.
"Sinto-me muito honrado por
ser enviado ao enterro de Lúcia,
uma pessoa privilegiada e amiga
da humanidade", disse Bertone.
O Vaticano informou que o papa fez uma oração especial pela
freira. Ele esteve em Fátima três
vezes e conversou com Lúcia em
todas elas. Poucos dias antes da
morte dela, ele havia enviado um
fax desejando que ela "atravessasse bem esse momento de dor".
Lúcia vivia reclusa no convento.
Escreveu dois livros a respeito de
suas visões. Nos últimos anos, ela
estava surda e cega.
O enterro será realizado hoje no
convento carmelita em que vivia,
em Coimbra. Ela está sendo velada na capela, e centenas de católicos já passaram pelo velório. Uma
fila se formou no convento com
fiéis tentando ver o corpo da freira. Segundo o médico que cuidava dela, Lúcia morreu por falência
do coração.
Com agências internacionais
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