São Paulo, terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

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REVOLTA ÁRABE

Junta promete projeto de Carta em 10 dias

Segundo as Forças Armadas, que assumiram governo, a nova Constituição do Egito irá a referendo em 2 meses

Comissão incluirá nome ligado à sigla opositora Irmandade Muçulmana; manifestante dá voto de confiança aos militares

Hani Mohammed/AssociatedPress
Manifestantes iemenitas protestam contra o ditador Ali Abdullah Saleh no quarto dia seguido de protestos, em Sanaa

MARCELO NINIO

ENVIADO ESPECIAL AO CAIRO

Em meio ao ambiente de incerteza predominante no Egito desde a queda do ditador Hosni Mubarak, a junta militar que assumiu o governo deu mais um passo para convencer a oposição de que irá cumprir a promessa de uma transição democrática.
Reunidos com jovens oposicionistas que deflagraram os protestos contra o regime, os militares comunicaram que as emendas à Constituição serão finalizadas em dez dias. Após dois meses, elas irão a referendo popular.
A composição da comissão que estudará as mudanças ainda não foi anunciada. Mas a Folha apurou que sete integrantes já foram escolhidos, incluindo um ligado ao partido oposicionista Irmandade Muçulmana.
A informação foi dada por Ahmed Mekki, juiz de Alexandria que fez parte da comissão instituída por Mubarak na crise. Segundo ele, o presidente da nova comissão será Tariq al Bashri, conhecido analista político do país.
Além de prometer concessões, a junta militar também alertou contra a onda de protestos e greves nos últimos dias que focaram a insatisfação nos baixos salários e nas más condições de trabalho.
Soldados tentaram ontem impedir manifestações na praça Tahrir, foco dos 18 dias da mobilização popular que pôs fim à era Mubarak.
Embora a maioria dos manifestantes tenha se retirado e os carros já circulem onde antes havia barracas, a praça preservou a vibração política, com protestos esporádicos, homenagens aos mortos nos protestos e local de peregrinação de famílias inteiras.
Greves e protestos se estenderam a setores de transportes, bancos, turismo, óleo, gás e mídia. O Conselho Supremo das Forças Armadas disse que as greves "comprometem a segurança" e pediu unidade à população.
A promessa de uma transição democrática parece convencer a maioria dos opositores, mesmo após medidas anunciadas no domingo que colocaram o país sob tutela direta dos militares.
Os generais que formam a junta suspenderam a Constituição, dissolveram o Parlamento e estabeleceram seu período de permanência no governo em seis meses, ou até as eleições. Em seguida, porém, trataram de assegurar a jovens líderes opositores que não têm intenção em se perpetuar no poder.

VOTO DE CONFIANÇA
Um dos 13 jovens que participaram do encontro com dois dos generais foi Wael Ghonim, o executivo da Google que se tornou herói da revolução após fomentar protestos em páginas da internet e ficar preso por 12 dias.
Em sua página no Facebook, Ghonim escreveu que a comissão constituída para reformar a Constituição "é conhecida pela integridade", num expressivo voto de confiança para a junta militar.


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