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São Paulo, sábado, 15 de março de 2003

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Vizinho de Bush no Texas faz centro de oposição

MARIA BRANT
DA REDAÇÃO

Desde o ano passado, o cenógrafo John Wolf, 48, vende buttons pacifistas com o objetivo de levantar dinheiro para comprar uma casa em Crawford (Texas) e construir um "centro de paz inter-religioso e de mídia independente" perto do rancho do presidente dos EUA, George W. Bush.
Nesta semana, com a ajuda de "investimentos próprios", ele conseguiu comprar a casa, no centro da cidade, por US$ 54 mil. O centro deve abrir na Páscoa.
Mas o projeto de Wolf, que constrói os cenários dos programas de TV e vídeos do personagem infantil Barney e mora em um sítio na vizinha Rockwall, não foi exatamente bem recebido em Crawford. Em uma reportagem no jornal "Dallas Morning News", uma vizinha da casa afirma que certamente não levará "biscoitos recém-assados para ele". O prefeito da cidade, Robert Campbell, disse: "Se eles quiserem protestar, que vão a Washington".
Leia, a seguir, a entrevista que Wolf deu à Folha, por telefone.
 

Folha - Como o sr. teve essa idéia?
Wolf -
Quando o governante saudita Abdullah veio a Crawford no ano passado, eu e um grupo de amigos tentamos organizar um serviço inter-religioso. Contatei todas as igrejas da região, mas nenhuma abriu as portas para nós, pois nos achavam controversos demais. Foi aí que resolvemos fundar nosso próprio centro.

Folha - Como será o centro?
Wolf -
A casa fica em um lote de 30 m por 40 m, e o jardim será um lugar para pessoas rezarem pela paz. A casa será um centro de mídia independente, para que, quando o presidente venha para cá, sejamos capazes de oferecer pontos de vista de oposição sobre o que está acontecendo. E também teremos mesas de piquenique e ofereceremos comida aos jornalistas do resto do mundo.

Folha - Por que um "centro de paz inter-religioso"?
Wolf -
Estou conversando com um grupo de freiras sobre a possibilidade de elas serem as administradoras do centro. Há um grupo de quakers que concordou em se reunir lá regularmente, e há muçulmanos, cristãos e judeus participando do projeto.

Folha - Como a cidade reagiu?
Wolf -
Estou recebendo manifestações de apoio de todas as partes do mundo, mas ainda não tive tempo de falar com os vizinhos. Mas já organizei manifestações na cidade, como um ato pela paz com 2.000 palestinos em 2002. Acabei ficando amigo do chefe da polícia. Sempre fomos bem comportados, e os eventos que organizei eram eventos pacíficos. Só queríamos ter um local mais próximo do rancho de Bush.

Folha - Li que muitos vizinhos não estão satisfeitos com a idéia...
Wolf -
Minha esperança é estabelecer um diálogo melhor. Espero que a população de Crawford não envergonhe a si própria.

Folha - O governo já reagiu?
Wolf -
Isso os tomou de surpresa. Eles ainda não reagiram.


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