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ISOLAMENTO LÍBIO
Gaddafi quer fim das sanções impostas após líbios serem acusados por atentado contra avião da Pan Am
Líbia busca eliminar o embargo da ONU
do enviado especial
O dirigente líbio Muammar
Gaddafi concentra esforços em
busca de uma improvável vitória
diplomática: o fim das sanções
econômicas impostas pelo Conselho de Segurança da ONU em
1992.
O embargo veio como resposta
patrocinada por EUA e Reino Unido à recusa líbia a extraditar dois
supostos terroristas, acusados de
tramar a explosão do vôo 103 da
Pan Am, ocorrida em 1988 sobre a
cidade de Lockerbie (Escócia).
Morreram 259 viajantes que iam
de Frankfurt a Nova York e 11 pessoas no chão.
As investigações de norte-americanos e britânicos apontam os líbios Abdel Basset Ali al Megrahi e
Lamen Khalifa Fhimah, acusados
de serem agentes dos serviços de
inteligência de seu país, como os
autores do atentado. Washington
e Londres querem julgá-los, alegando que o avião pertencia a uma
empresa dos EUA e o crime ocorreu em espaço aéreo britânico.
Gaddafi se recusou a entregar os
suspeitos. Vieram então, em 1992,
as sanções, que basicamente impedem o movimento aéreo no
país, a venda de armas à Líbia e
dificultam algumas operações financeiras no exterior feitas em nome de instituições líbias.
As sanções não dificultam a vida
da indústria de petróleo, de acordo com os interesses dos exportadores líbios e também dos importadores europeus.
Já inspirado na moderação dos
últimos anos, Gaddafi admitiu julgar os acusados na Líbia e argumentou que seu governo não tem
nada a temer num processo judicial. Disse acreditar na inocência
de Megrahi e Fhimah.
O dirigente líbio propôs um
acordo aos EUA e ao Reino Unido.
Aceitou entregar os suspeitos a
um terceiro país para julgamento.
Outra negativa dos inflexíveis norte-americanos e britânicos.
Para os EUA, Megrahi e Fhimah
arquitetaram uma vingança contra o bombardeio norte-americano de Trípoli e Bengazi, em 1986.
Para as autoridades líbias, extremistas iranianos ou palestinos seriam os responsáveis pelo crime.
A polêmica sobre os autores do
crime permanece, enquanto EUA
e Reino Unido se recusam a apresentar as supostas evidências do
envolvimento líbio. Dizem que o
farão apenas num tribunal.
Decisão em Haia
A Líbia colhe alguns sinais de
que há luz no fim do túnel em seu
embate do caso Lockerbie. A primeira boa notícia veio do Tribunal
Internacional de Justiça, em Haia,
na Holanda, no último dia 27.
A corte afirmou ter competência
para decidir quem deve julgar os
líbios acusados pelo atentado. A
decisão, embora favorável às reivindicações de Trípoli, ainda está
longe de significar a inocência de
Megrahi e Fhimah e deverá ser
anunciada dentro de um ano.
Mas a chancelaria líbia não perdeu tempo e divulgou comunicado exigindo o fim das sanções impostas pela ONU. Conta com o
apoio de países árabes e africanos.
No dia 7 de março, o Conselho
de Segurança da ONU se reuniu,
como faz a cada 120 dias, para decidir sobre a renovação ou não do
embargo. A Líbia, inspirada pela
decisão de Haia, esperava que o ritual sumário, repetido já 18 vezes,
trouxesse um debate sobre a possibilidade de levantar o embargo.
O Conselho de Segurança repetiu o ritual sumário e renovou as
sanções. A Líbia, no entanto, arrancou uma suada vitória. Conseguiu que o organismo marcasse
para o próximo dia 20 um debate
sobre a disputa judicial, por causa
da decisão do Tribunal de Haia.
Mas, diante da inflexibilidade
dos EUA e do Reino Unido, são
ainda pequenas as chances de uma
vitória de Gaddafi num futuro próximo.
(JS)
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