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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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ÚLTIMO BASTIÃO

Queda de Tikrit simboliza final do período de ataque da coalizão e início de "fase de transição"

EUA tomam cidade natal de Saddam

DA REDAÇÃO

Fuzileiros navais dos EUA assumiram ontem o controle do centro de Tikrit, cidade natal do ex-ditador Saddam Hussein no norte do Iraque. A ação, que enfrentou pouca resistência, marcou a queda da última importante cidade iraquiana e o fim dos ataques mais intensos no país por parte da coalizão após 26 dias de guerra.
"As maiores operações de combate acabaram", afirmou em Washington o general Stanley McChrystal, segundo na hierarquia do Estado-Maior Conjunto dos EUA. No Qatar, o general Vincent Brooks, porta-voz do Comando Central, declarou que a campanha Liberdade Iraquiana chegou a um "ponto de transição", no qual ainda há possibilidade de conflitos, mas não representaria uma "ação organizada do regime [de Saddam]".
Brooks anunciou ainda que a coalizão controla todas as áreas do país que possuem campos de petróleo e que o general Tommy Franks, comandante das operações anglo-americanas no golfo Pérsico, visitará o Iraque ocupado até o próxima semana.
Cerca de 3.000 homens ocuparam o palácio presidencial de Tikrit sem luta, após uma ofensiva coordenada por norte, sul e oeste da cidade e na qual a principal ponte local, que corta o rio Tigre, também foi tomada. "Encontramos menos resistência do que prevíamos", disse Brooks, ressaltando que as defesas iraquianas haviam sido intensamente bombardeadas nos últimos dias.
Os americanos estimavam que cerca de 2.500 combatentes, entre fedayin e integrantes da Guarda Republicana, protegessem a cidade. Os poucos combates para a tomada de Tikrit aconteceram no sul e no oeste da cidade, áreas onde os marines montaram postos de controle. Não foram divulgadas informações sobre baixas.
Nas primeiras buscas realizadas pelos americanos na cidade de 260 mil habitantes, não foram encontrados indícios da presença de Saddam Hussein.
Diferentemente do ocorrido em outras cidades do país, a queda de Tikrit não provocou saques ou depredações de prédios públicos pela população local. As estátuas e retratos de Saddam também não foram destruídos, em sinal da influência que o ex-ditador ainda exerce sobre essa região.

Tensão diminui
No restante do Iraque, continuaram os esforços para retomar a ordem. Os saques diminuíram e ônibus voltaram a circular em Bagdá ontem, ao passo que centenas de antigos policiais iraquianos atenderam à convocação por parte do Exército americano e iniciaram o patrulhamento da cidade ao lado de fuzileiros navais. Apesar disso, o comércio permaneceu fechado, e a Biblioteca Islâmica de Bagdá foi incendiada.
O Pentágono disse que os fuzileiros navais, em busca na capital, encontraram cerca de 80 mísseis capazes de carregar ogivas químicas ou nucleares.
A operação de patrulha em Bagdá foi repetida em Basra, no sul do Iraque, onde ex-policiais de trânsito foram chamados para proteger as ruas com soldados britânicos. A maior cidade no sul do país já está há cerca de duas semanas sem eletricidade, água e telefonia.


Com agências internacionais


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