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"Ninguém queria ficar conosco", diz ex-prisioneiro americano
DA REDAÇÃO
Os 21 dias de cativeiro no Iraque
que separaram a rendição dos sete prisioneiros de guerra americanos, em 23 de março, e seu resgate, anteontem, foram marcados
pelo medo da morte, interrogatórios e a mudança de cativeiros.
A cozinheira Shoshana Johnson, 30, o sargento James Riley,
31, os especialistas Joseph Hudson, 23, e Edgar Hernandez, 21, o
recruta Patrick Miller, 23, e os pilotos Ronald Young Jr., 26, e David Williams, 30, foram encontrados por marines em Samarra (60
km ao norte de Bagdá).
Os cinco primeiros pertenciam
a uma companhia que ia para
Bagdá quando caiu em emboscada em Nassiriah. Nove soldados
foram mortos, e outros seis, rendidos -incluindo a recruta Jessica Lynch, 19, libertada de um hospital de Nassiriah em 1º de abril.
"Estávamos cercados. Não tínhamos chance", disse Riley. O grupo
foi levado a uma casa no norte de
Bagdá, onde dias depois chegaram Williams e Young.
Hudson, Hernandez e Shoshana foram feridos -ela, sem conseguir andar, só foi bem tratada
quando os iraquianos notaram
ser uma mulher. O mesmo não
ocorreu com os demais. "Pensei
que iam me matar", disse Miller.
Em Bagdá, os feridos foram
operados e Jessica, removida. Isolados em celas de concreto com
teto de zinco, onde receberam pijamas e um cobertor de lã, comiam arroz, pão e, às vezes, frango, até três vezes por dia, e eram
interrogados constantemente.
Os pilotos chegaram depois.
Quando o helicóptero deles caiu,
os dois nadaram 400 m em um canal e correram por um campo
aberto até serem pegos por fazendeiros e levados a uma delegacia.
No fim da segunda semana de
cativeiro, após uma explosão que
fez tremer a prisão, os sete foram
deslocados pela primeira vez.
Desde então, com o avanço das
tropas americanas a Bagdá, foram
sete ou oito cativeiros, entre prédios do governo e residências.
"Éramos os filhos bastardos do
Iraque. Ninguém queria ficar conosco", disse Young.
No último cativeiro, em Samarra, foram libertados. "Eu estava
sentado, e o que me lembro em
seguida é de marines chutando a
porta e nos mandando abaixar",
contou Miller. "Fomos prisioneiros por pouco tempo", disse
Young. "Não sei como os caras no
Vietnã aguentaram. Eu não conseguiria."
Com agências internacionais
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