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São Paulo, terça-feira, 15 de abril de 2003

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RECONSTRUÇÃO

Líderes se reúnem no sul; grupo xiita boicota encontro por causa da supervisão dos EUA

EUA e iraquianos discutem governo

DA REDAÇÃO

Oficiais americanos se reunirão hoje em Nassiriya (sul do país) com representantes de diferentes etnias e movimentos iraquianos com o objetivo de iniciar o processo de formação de uma administração interina iraquiana que, em alguns meses, assumirá progressivamente funções de governo, sob supervisão dos EUA.
A reunião será coordenada por Jay Garner, o general da reserva americano escolhido para administrar o Iraque pós-Saddam.
"Colocaremos em prática a teoria da grande tenda -queremos reunir o maior número possível de pessoas e ver o que podemos fazer", disse Nathan Jones, porta-voz do Escritório para a Reconstrução e a Assistência Humanitária (Erah), comandado por Garner. Os EUA anunciaram que a ONU enviará observadores.
Os EUA pretendem realizar uma série de reuniões regionais e, em algumas semanas, uma assembléia nacional na qual uma administração interina de iraquianos seria formada.
Espera-se que cerca de 60 iraquianos compareçam à reunião de hoje, incluindo representantes de grupos xiitas moderados e extremistas, sunitas, curdos e da antiga monarquia, deposta em 1958.
A proposta lembra o que foi feito após a queda do regime do Taleban, no Afeganistão, em 2001, quando líderes tribais afegãos se reuniram numa Loya Jirga (grande assembléia de chefes tribais) em Bonn (Alemanha).
Mas o principal grupo xiita de oposição a Saddam já avisou que não participará. "Não aceitamos a supervisão americana. A nação iraquiana rejeita qualquer dependência", disse Abdelaziz Hakim, líder do Conselho Supremo para a Revolução Islâmica no Iraque, baseado em Teerã (Irã).
Já Ahmad Chalabi, líder do Congresso Nacional Iraquiano levado do exílio de volta ao Iraque pelos próprios americanos, disse que enviará um representante. É possível que outros grupos enviem representantes de menor nível hierárquico, de forma a não comprometer suas lideranças no caso de a reunião ser um fiasco.
Não se sabe se haverá acordo entre as etnias e as facções iraquianas, divididas por suas próprias diferenças e por décadas de autoritarismo da era Saddam Hussein, durante as quais houve pouca negociação política no país.

Blair fala em eleições
Ontem, o primeiro-ministro britânico, Tony Blair, disse esperar que ocorram eleições no Iraque um ano após o estabelecimento da autoridade interina.
Segundo ele, os EUA e o Reino Unido (aliados na invasão) serão responsáveis inicialmente por garantir a segurança e as necessidades humanitárias. Blair disse que deseja ver a formação de uma autoridade interina que represente o maior número possível de iraquianos "algumas semanas após o fim do conflito". "Após ser criada, a autoridade interina irá progressivamente assumir mais funções de governo", disse ao Parlamento britânico.
"A terceira fase irá trazer um governo representativo de toda a população, após uma nova Constituição ser aprovada, como resultado de eleições que eu espero que aconteçam aproximadamente um ano após o estabelecimento da autoridade interina", disse.


Com agências internacionais


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