São Paulo, quinta-feira, 15 de abril de 2004

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Para premiê, ninguém pode "abrir mão dos direitos palestinos'; terroristas falam em "declaração de guerra"

Palestinos atacam nova posição dos EUA

Oded Balilty/Associated Press
Moradora de colônia judaica, com bebê, resiste à ação da polícia israelense para desmontar sinagoga perto de Hebron ocupada


DA REUTERS

O premiê palestino, Ahmed Korei, denunciou ontem a posição do presidente George W. Bush de concordar com a permanência de Israel em partes da Cisjordânia ocupada como uma rejeição dos direitos palestinos que pode ter sérias conseqüências para a paz e o futuro do Oriente Médio.
"Bush é o primeiro presidente dos EUA a legitimar os assentamentos judaicos em terra palestina. Nós rejeitamos isso", disse Korei, considerado um líder palestino moderado, em Ramallah.
"Ninguém no mundo tem o direito de abrir mão dos direitos palestinos. Não aceitaremos isso."
Korei pediu ao Quarteto -União Européia, ONU, Rússia e EUA, que apresentaram novo plano de paz em 2003- que organize uma conferência internacional para "discutir a negligência em relação aos direitos palestinos".
Jibril al Rajoub, assessor de segurança de Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina, disse que a mudança de posição da Casa Branca prejudicará os interesses dos EUA no Oriente Médio. "Os americanos apenas aguçarão a hostilidade da população do Oriente Médio. Essa administração dos EUA está lidando com o mundo como se fosse um rancho do Texas", afirmou.
"Bush e Sharon (...) ameaçam o futuro político de Israel, dos palestinos e de toda a região", disse Iasser Abed Rabbo, do comitê executivo da Organização para a Libertação da Palestina.

Hamas
As declarações de Bush também foram criticadas pelos grupos terroristas palestinos. Segundo o Hamas, o presidente dos EUA endureceu sua "posição hostil" em relação aos palestinos. Já o Jihad Islâmico qualificou a posição de Bush como uma "declaração de guerra" contra os palestinos.
Em Gaza, a perspectiva de uma retirada unilateral por parte de Israel não foi motivo de contentamento. "Por que deveríamos ficar felizes quando eles nos dão Gaza, mas engolem a Cisjordânia?", perguntou o palestino Ali Khali, num café na Cidade de Gaza.
"Por que deveríamos ficar contentes quando eles anulam nosso direito de retorno e abortam nosso sonho de um Estado palestino?", continuou. A coletiva de Bush e do premiê israelense, Ariel Sharon, em Washington, foi assistida com atenção e revolta.
"É um novo Nakba", disse a refugiada palestina Amenah Abu Sharekh, 72. Nakba, que quer dizer "catástrofe", é a maneira como os árabes se referem à fundação de Israel em 1948 e ao êxodo de centenas de milhares de palestinos durante a guerra árabe-israelense ocorrida naquele ano.


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