|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
[+]entrevista
Falta virtude cívica, afirma ex-presidente
DE CARACAS
Com a oposição em
frangalhos, a liderança da
campanha contra uma nova Carta para o Equador ficou com o ex-presidente
Osvaldo Hurtado (1981-1984). Aos 67 anos e até há
pouco afastado da arena
política, sua participação
baseou-se principalmente
nas duras críticas contra a
falta de "virtudes cívicas"
de políticos e cidadãos do
seu país.
"Há muitos cidadãos
que consideram a consulta
popular e a Constituinte
um grave risco para o futuro da economia e da democracia. Era necessário que
alguém viesse para dizer-lhes que o seu pensamento
é correto", disse Hurtado à
Folha, por telefone.
Hurtado, que também
presidiu a última Assembléia Constituinte, aprovada em 1998, disse que o
problema do Equador não
se resolverá com uma nova Carta. "A menos que se
encontre a pedra filosofal
que permita resolver todos os problemas políticos
do país, não creio que a
conduta dos atores políticos e dos cidadãos possa
ser mudada", afirmou.
Em tom duro contra o
seu país, disse que "o problema do Equador não são
as instituições e as leis, o
problema é a conduta de
muitos cidadãos e de muitos líderes, que não corresponde à de uma sociedade democrática, com o
debate racional dos problemas, a subordinação do
interesse particular ao interesse público e o cumprimento estrito da lei".
Hurtado também disse
se opor a uma nova Constituinte devido ao tipo de
liderança exercida pelo
atual presidente, o esquerdista Rafael Correa.
"Veja você: temos um
presidente educado na
Europa [Bélgica] e nos
EUA, que pôde ver como
funciona a economia nesses lugares. Eu não posso
entender como um cidadão com esses antecedentes conduz a economia de
forma populista e conduz
a democracia de maneira
autoritária", afirmou o ex-presidente, considerado
de centro-direita. "No
Equador, a cultura populista, a cultura autoritária,
a cultura caudilhista está
fortemente enraizada."
Mas Hurtado também
tem sido duramente atacado. Recentemente, Correa chamou-o de "cadáver
político insepulto". Já o
influente analista César
Montúfar escreveu que
"Hurtado não vê ou não
quer ver que, se tem alguém com maior responsabilidade nos problemas
do desenho constitucional, é ele".
(FM)
Texto Anterior: Referendo é "terceiro turno" para Correa Próximo Texto: Polícia prende Kasparov em marcha contra Putin Índice
|