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Polícia prende Kasparov em marcha contra Putin
Ex-enxadrista foi preso com outras 170 pessoas e teve de pagar multa de US$ 39
Manifestantes queriam tomar praça para pedir "eleição presidencial justa" e reclamar de "esmagamento de liberdades democráticas"
DA REDAÇÃO
A polícia de Moscou deteve
ontem pelo menos 170 opositores do governo do presidente
Vladimir Putin que marchavam na praça Pushkin, perto do
Kremlin. Entre eles estava o
ex-campeão mundial de xadrez
Gary Kasparov, 44, líder da
Frente Cívica Unida e um dos
organizadores da marcha, que
reuniu 2.000 pessoas.
O ex-enxadrista foi levado a
um tribunal, acusado de participar, com um numeroso grupo
de pessoas, de uma marcha não
autorizada e de ter dito frases
contra o governo, de acordo
com sua advogada.
Ao fim do julgamento, recebeu uma multa equivalente a
US$ 39 (R$ 80). "O problema
não é o valor, mas abrir precedente. Se eu for preso outra vez,
vão me por atrás das grades",
disse ele ao sair do tribunal.
Durante um intervalo da sessão, disse aos repórteres que
"hoje [ontem] o regime mostrou sua real face". "Este regime é contra a Constituição russa. Este país não é mais livre, e
os maiores criminosos da Rússia são as autoridades."
Os manifestantes planejavam ocupar uma praça do centro da capital para protestar
contra o que consideram um
esmagamento, por Putin, das
liberdades democráticas no
país. Também pediam uma
eleição justa para a escolha do
novo presidente, em 2008
-Kasparov deve ser candidato.
"Graças à ação coordenada
da polícia, impediu-se a chamada "Marcha dos Dissidentes",
que não tinha permissão das
autoridades", disse Víctor Biriukov, porta-voz da polícia.
"Nós fomos presos quando
não estávamos fazendo nada.
Não houve ação. Nós estávamos apenas caminhando", defendeu-se Kasparov.
Segundo a polícia, Kasparov
foi preso por incorrer em
"ações claramente provocadoras". Falando à rádio Eco de
Moscou, o ex-campeão afirmou
que a Moscou "se encontra em
estado de sítio".
Para Mikhail Kasyanov, líder
da coalizão de oposição Outra
Rússia, "as autoridades têm
medo de seus próprios cidadãos e não querem que influenciem o que ocorre no país".
"Às vésperas das eleições, é
claro que as autoridades estão
assustadas, e os excessos de hoje [ontem] por parte da polícia
[provam isso]", opinou Kasyanov, que foi premiê sob Putin.
Mais tarde, pequenos grupos
ocuparam outra praça da capital aos gritos de "uma Rússia
sem Putin", mas foram dispersados pela polícia.
Com agências internacionais
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