São Paulo, domingo, 15 de abril de 2007

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Polícia prende Kasparov em marcha contra Putin

Ex-enxadrista foi preso com outras 170 pessoas e teve de pagar multa de US$ 39

Manifestantes queriam tomar praça para pedir "eleição presidencial justa" e reclamar de "esmagamento de liberdades democráticas"

DA REDAÇÃO

A polícia de Moscou deteve ontem pelo menos 170 opositores do governo do presidente Vladimir Putin que marchavam na praça Pushkin, perto do Kremlin. Entre eles estava o ex-campeão mundial de xadrez Gary Kasparov, 44, líder da Frente Cívica Unida e um dos organizadores da marcha, que reuniu 2.000 pessoas.
O ex-enxadrista foi levado a um tribunal, acusado de participar, com um numeroso grupo de pessoas, de uma marcha não autorizada e de ter dito frases contra o governo, de acordo com sua advogada.
Ao fim do julgamento, recebeu uma multa equivalente a US$ 39 (R$ 80). "O problema não é o valor, mas abrir precedente. Se eu for preso outra vez, vão me por atrás das grades", disse ele ao sair do tribunal.
Durante um intervalo da sessão, disse aos repórteres que "hoje [ontem] o regime mostrou sua real face". "Este regime é contra a Constituição russa. Este país não é mais livre, e os maiores criminosos da Rússia são as autoridades."
Os manifestantes planejavam ocupar uma praça do centro da capital para protestar contra o que consideram um esmagamento, por Putin, das liberdades democráticas no país. Também pediam uma eleição justa para a escolha do novo presidente, em 2008 -Kasparov deve ser candidato.
"Graças à ação coordenada da polícia, impediu-se a chamada "Marcha dos Dissidentes", que não tinha permissão das autoridades", disse Víctor Biriukov, porta-voz da polícia.
"Nós fomos presos quando não estávamos fazendo nada. Não houve ação. Nós estávamos apenas caminhando", defendeu-se Kasparov.
Segundo a polícia, Kasparov foi preso por incorrer em "ações claramente provocadoras". Falando à rádio Eco de Moscou, o ex-campeão afirmou que a Moscou "se encontra em estado de sítio".
Para Mikhail Kasyanov, líder da coalizão de oposição Outra Rússia, "as autoridades têm medo de seus próprios cidadãos e não querem que influenciem o que ocorre no país".
"Às vésperas das eleições, é claro que as autoridades estão assustadas, e os excessos de hoje [ontem] por parte da polícia [provam isso]", opinou Kasyanov, que foi premiê sob Putin.
Mais tarde, pequenos grupos ocuparam outra praça da capital aos gritos de "uma Rússia sem Putin", mas foram dispersados pela polícia.


Com agências internacionais


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