São Paulo, sexta-feira, 15 de abril de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Brics criticam uso da força contra árabes

Em fórum, os líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul defendem respeito à soberania dos países

Comunicado conjunto faz referência genérica à ampliação da ONU; países também pedem que haja reforma do FMI


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A SANYA (CHINA)

O presidente chinês Hu Jintao cobrou imediato cessar-fogo na Líbia, em conversa com Jacob Zuma, seu colega sul-africano e membro da delegação da União Africana que tenta negociar um acordo entre os rebeldes e o ditador Muammar Gaddafi.
O pedido do mandatário chinês não figurou, no entanto, na declaração final da cúpula dos Brics (grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), ontem em Sanya, na China.
Como previsto, o texto diz que "o uso da força deveria ser evitado", assim como "deveriam ser respeitadas a independência, soberania, unidade e integridade territorial de cada nação".
Igualmente vaga, ao menos do ponto de vista do Brasil, é a menção no texto à reforma das Nações Unidas, incluindo o Conselho de Segurança, o coração do sistema.
O documento diz que "China e Rússia [membros permanentes] reiteram a importância que dão ao status de Índia, Brasil e África do Sul nos assuntos internacionais e respaldam suas aspirações a desempenhar um papel maior na ONU".
O linguajar genérico reflete o fato de que indicar Brasil e Índia para o Conselho de Segurança implicaria primeiro colocar lá um segundo país asiático e rival da China.
Segundo, ficaria implícito o apoio aos dois outros países que negociam com Brasil e Índia o ingresso no Conselho (Japão e Alemanha, sendo o Japão um rival muito mais agudo da China).
Esses interesses divergentes dos Brics impediram também a aprovação de um texto mais incisivo a respeito da volatilidade de preços das commodities.
Importadores como China e Índia gostariam de algum tipo de limitação nos preços, o que não é aceito por exportadores de alimentos (Brasil) ou energia (Rússia).
Os países também querem introduzir a rotatividade no comando do FMI e do Banco Mundial.
Hoje, uma regra não-escrita diz que o FMI é conduzido por um europeu (no momento, o francês Dominique Strauss-Kahn) e o Banco Mundial, por um norte-americano (hoje Robert Zoellick).


Texto Anterior: Bahrein bane partido xiita para impedir novos atos
Próximo Texto: Análise: Encontro mostra que China cimenta liderança no grupo
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.