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Ação contra o terror consolida tendência de aumento das despesas com defesa após anos de cortes
Gasto militar mundial sobe pelo terceiro ano seguido
DA REDAÇÃO
Os atentados de 11 de setembro
devem se refletir num aumento
contínuo nos gastos militares do
mundo, mudando definitivamente uma tendência de diminuição
que ocorreu de 1987 a 1998, segundo o relatório anual do Sipri
(Instituto Internacional de Estudos pela Paz de Estocolmo), uma
das mais respeitadas instituições
de pesquisa do mundo.
Usando um termo do "economês", poderíamos dizer que os
gastos estão com um "viés de alta", uma tendência de aumento.
Em 2001, foram mais 2% nos gastos mundiais em defesa, chegando a um total de US$ 839 bilhões.
Essa quantia é equivalente a
2,6% do PIB mundial e representa
um gasto de cerca de US$ 136 por
habitante/ano. Apesar disso, o
instituto lembra que o incremento de 2% é inferior aos aumentos
de 1999 e de 2000.
Esses anos de crescimento contrastam com a contínua redução
ocorrida de 1987 a 1998, período
em que os gastos da Otan (aliança
militar ocidental liderada pelos
EUA), por exemplo, caíram 40%.
Segundo o Sipri, os atentados de
11 de setembro marcam uma mudança radical nessa tendência.
O relatório indica também algumas novidades: a Rússia desbancou os Estados Unidos como o
principal exportador de armas, e a
China tirou de Taiwan o título de
principal importador.
A recuperação econômica russa
levou sua indústria armamentista
a aumentar suas vendas em 24%.
Atrás de Rússia e EUA, seguem, a
grande distância, França, Reino
Unido e Alemanha.
Na lista dos importadores, a
China demonstrou uma escalada
ainda mais impressionante em
suas compras: 44% de crescimento em relação a 2000. Com isso, o
país supera Taiwan e deixa para
trás também Índia, Grécia, Paquistão, Egito e Turquia.
Os cinco países que atualmente
têm os maiores orçamentos militares são EUA, Rússia, França, Japão e Reino Unido. A conjunção
dos gastos desses cinco representa pouco mais da metade de toda
a despesa mundial no setor, ou seja, passa dos US$ 400 bilhões.
Porém a principal conclusão do
instituto sueco foi a de que as mudanças no conceito de segurança
devem alavancar os gastos com
defesa. As grandes potências têm
agora o combate ao terrorismo
como prioridade máxima.
O Sipri assinala também que há
uma tendência cada vez maior
nos EUA ao unilateralismo, graças a uma posição sem precedentes de liderança militar, econômica e tecnológica.
Os americanos são responsáveis, sozinhos, por 36% de todos
os gastos militares do planeta.
Isso acaba também se refletindo
no poderio espacial: Washington
tem cerca de 110 satélites militares
ativos, enquanto a Rússia tem cerca de 40 e outros países diversos
têm cerca de 20.
Para o instituto, essa supremacia poderia dar lugar a uma "desestabilizadora corrida armamentista espacial".
Conflitos em curso
Mesmo com o fim da guerra em
Serra Leoa e do confronto entre a
Etiópia e a Eritréia, os suecos ainda identificam conflitos armados
ativos em ao menos 22 países, alguns deles com mais de uma
ocorrência. A Índia, por exemplo,
enfrenta conflitos em Assam, na
separatista Caxemira e em sua rivalidade com o vizinho Paquistão
(muitas vezes por causa da própria Caxemira).
O próprio Paquistão se encontra envolvido nas lutas travadas
no Afeganistão e na Caxemira.
A Ásia Central ganhou maior
importância depois dos atentados
ao Pentágono e ao World Trade
Center. Os ataques de 11 de setembro também levaram os EUA a integrar a lista de conflitos.
A Rússia também foi relacionada por causa dos atritos na Tchetchênia, uma república do Cáucaso que apresenta um movimento
de guerrilha separatista.
Com o "El País"
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