UOL


São Paulo, domingo, 15 de junho de 2003

Próximo Texto | Índice

ORIENTE MÉDIO

Apesar da onda de violência e da oposição do Hamas, reuniões de alto nível ocorreram na noite de ontem

Israel e palestinos retomam negociações

DA REDAÇÃO

Autoridades israelenses e palestinas retomaram ontem à noite reuniões para discutir o fim da onda de violência na região, que matou mais de 50 pessoas na semana passada, ameaçando o plano de paz proposto pelos EUA.
O chefe de segurança palestino, Mohammed Dahlan, encontrou-se com o general Amos Gilad, oficial da Defesa israelense, na casa do embaixador dos EUA em Israel, Daniel Kurtzer, segundo o site do diário israelense "Haaretz".
Na reunião seria discutida a proposta israelense de retirar seus soldados de partes da faixa de Gaza ocupadas durante a Intifada (levante palestino contra Israel, iniciado em setembro de 2000), em troca de uma ação efetiva por parte dos palestinos para impedir novos ataques terroristas.
Os dois lados também renovariam as intenções de respeitar um cessar-fogo, pré-condição para o início da implementação do plano de paz proposto pelo presidente dos EUA, George W. Bush, e aceito pelos premiês israelense, Ariel Sharon, e palestino, Abu Mazen, em cúpula na Jordânia há cerca de dez dias.
O Hamas, principal grupo terrorista palestino, rejeitou ontem qualquer acordo. "O cessar-fogo não faz parte de nosso dicionário", disse Abdelaziz al Rantissi, que sobreviveu a um ataque de mísseis israelenses contra seu carro na última terça-feira.
Ontem, uma missão americana, chefiada pelo diplomata John Snow, chegaria a Israel para acompanhar a implementação do fragilizado plano de paz, que prevê um Estado palestino em 2005.
Em reuniões ocorridas nas últimas semanas, Sharon havia proposto a Mazen a retirada de forças israelenses de partes da faixa de Gaza como um teste para verificar a capacidade das forças palestinas de garantir a segurança.
Mas o premiê palestino teria dito que, antes, necessitava negociar um acordo de cessar-fogo com os grupos extremistas, em especial o Hamas, que, no entanto, rompeu as negociações com Mazen.
Ontem, o ministro da Informação da Autoridade Nacional Palestina, Nabil Amr, disse que a ANP estaria disposta a assumir responsabilidade pela segurança em setores da faixa de Gaza e da Cisjordânia desocupados por Israel. Ele fez as declarações após reunião de chefes dos serviços de segurança palestinos com o presidente da ANP, Iasser Arafat, anteontem em Ramallah. Também disse que a ANP estaria tentando convencer o Hamas a aderir a um cessar-fogo, em troca do fim da perseguição de seus líderes.
Há dúvidas sobre o grau de colaboração entre Arafat, líder máximo dos palestinos, e o premiê Abu Mazen, indicado por Arafat após intensa pressão dos EUA, de Israel e da comunidade internacional. Os EUA e Israel acusam Arafat de não agir de forma incisiva contra o terrorismo palestino e tentam isolá-lo, negociando apenas com Mazen, visto como moderado e crítico à Intifada. Mas Mazen não tem a mesma popularidade de Arafat e não controla todas as forças de segurança palestinas, tornando pouco provável o sucesso de iniciativas com as quais Arafat não esteja de acordo.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Iraque ocupado: Cinco civis de uma família são mortos por EUA
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.