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Potências hesitam ante colapso de Gaza
Israel, Estados Unidos e União Européia estão desorientados; desejam fortalecer Abbas, mas não sabem o que fazer
Premiê israelense discute
assunto na terça com Bush;
EUA dizem que Hamas faz
"terror" até com palestinos;
Liga Árabe reúne-se atônita
DA REDAÇÃO
Um sentimento generalizado
de desorientação seguiu-se ao
colapso de Gaza e ao enfraquecimento territorial do Fatah,
única facção palestina com desejo de diálogo com Israel e o
Ocidente. Inexistem planos alternativos em Jerusalém, Washington e Bruxelas, sede da
União Européia.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, discutirá a
questão com o presidente
George W. Bush, em sua visita
aos Estados Unidos na terça-feira. Segundo o jornal "Haaretz", ele proporá que Gaza,
agora sob o controle do Hamas,
seja considerada uma "entidade autônoma" da Cisjordânia,
onde o Fatah e a Autoridade
Nacional Palestina ainda exercem algum controle.
Israel se retirou de Gaza em
2005, mas ainda controla militarmente a Cisjordânia -os
territórios foram ocupados na
Guerra dos Seis Dias, em 1967.
Efeito de "contaminação"
O governo israelense também quer "evitar por todos os
meios", embora não revele
quais sejam, que o Hamas aplique na Cisjordânia seu bem-sucedido plano militar de desalojar seus rivais do Fatah.
Em encontro com Ban Ki-moon, o secretário-geral da
ONU, Olmert também pedirá
que forças internacionais, sob o
comando da Liga Árabe, sejam
instaladas na fronteira entre
Gaza e o Egito, como forma de
evitar o contrabando de armas
e explosivos. O "New York Times" afirma, no entanto, que os
Estados Unidos reagem friamente a essa hipótese.
Consumado o controle do
Hamas em Gaza, Israel, segundo o "Haaretz", deverá definir
se mantém o fornecimento de
combustíveis e eletricidade para aquele território.
A Casa Branca disse ontem
que a evolução dos acontecimentos em Gaza "é um assunto
de grande preocupação". O porta-voz, Tony Snow, acusou o
Hamas de estar cometendo
"atos de terrorismo" contra os
próprios palestinos.
O grupo, vencedor das legislativas palestinas de 2006, é
considerado terrorista por
EUA, Israel e União Européia.
O "New York Times" afirma
que o governo americano fracassou em seu plano de debilitar o Hamas e fortalecer o Fatah, ao suspender repasses de
fundos para a Autoridade Nacional Palestina e canalizar verbas para as forças leais ao presidente Mahmoud Abbas.
"Nossas alternativas são limitadas e quase todas são
ruins", disse Martin Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel.
A secretária de Estado, Condoleezza Rice, telefonou a Abbas e disse que seu país o apoiaria em seus esforços para manter o controle da situação. O
porta-voz da diplomacia americana, Sean McCormack, disse
ser fundamental o fortalecimento de uma liderança que
dialogue com Israel.
O secretário-geral da Liga
Árabe, Amr Moussa, lançou do
Cairo um apelo para "a cessação imediata" dos combates em
Gaza, caso se queira evitar "um
desastre". A Liga Árabe convocou para hoje reunião dos ministros do Exterior dos países
membros para discutir a crise.
Em Bruxelas, a União Européia suspendeu os projetos humanitários que patrocina em
Gaza. Eles totalizam US$ 110
milhões, somados às ações na
Cisjordânia.
Na presidência da UE, a
chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a Europa e seu
país serão afetados pelo conflito. Ela telefonou a Abbas e o
apoiou em suas tentativas de
estabilizar a situação em Gaza.
Telefonou também ao rei Abdullah, da Jordânia.
Em Londres, a secretária do
Exterior, Margaret Beckett,
qualificou o confronto entre
facções palestinas de "sem sentido" e de "uma tragédia".
Com agências internacionais
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