São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Potências hesitam ante colapso de Gaza

Israel, Estados Unidos e União Européia estão desorientados; desejam fortalecer Abbas, mas não sabem o que fazer

Premiê israelense discute assunto na terça com Bush; EUA dizem que Hamas faz "terror" até com palestinos; Liga Árabe reúne-se atônita

DA REDAÇÃO

Um sentimento generalizado de desorientação seguiu-se ao colapso de Gaza e ao enfraquecimento territorial do Fatah, única facção palestina com desejo de diálogo com Israel e o Ocidente. Inexistem planos alternativos em Jerusalém, Washington e Bruxelas, sede da União Européia.
O primeiro-ministro israelense, Ehud Olmert, discutirá a questão com o presidente George W. Bush, em sua visita aos Estados Unidos na terça-feira. Segundo o jornal "Haaretz", ele proporá que Gaza, agora sob o controle do Hamas, seja considerada uma "entidade autônoma" da Cisjordânia, onde o Fatah e a Autoridade Nacional Palestina ainda exercem algum controle.
Israel se retirou de Gaza em 2005, mas ainda controla militarmente a Cisjordânia -os territórios foram ocupados na Guerra dos Seis Dias, em 1967.

Efeito de "contaminação"
O governo israelense também quer "evitar por todos os meios", embora não revele quais sejam, que o Hamas aplique na Cisjordânia seu bem-sucedido plano militar de desalojar seus rivais do Fatah.
Em encontro com Ban Ki-moon, o secretário-geral da ONU, Olmert também pedirá que forças internacionais, sob o comando da Liga Árabe, sejam instaladas na fronteira entre Gaza e o Egito, como forma de evitar o contrabando de armas e explosivos. O "New York Times" afirma, no entanto, que os Estados Unidos reagem friamente a essa hipótese.
Consumado o controle do Hamas em Gaza, Israel, segundo o "Haaretz", deverá definir se mantém o fornecimento de combustíveis e eletricidade para aquele território.
A Casa Branca disse ontem que a evolução dos acontecimentos em Gaza "é um assunto de grande preocupação". O porta-voz, Tony Snow, acusou o Hamas de estar cometendo "atos de terrorismo" contra os próprios palestinos.
O grupo, vencedor das legislativas palestinas de 2006, é considerado terrorista por EUA, Israel e União Européia.
O "New York Times" afirma que o governo americano fracassou em seu plano de debilitar o Hamas e fortalecer o Fatah, ao suspender repasses de fundos para a Autoridade Nacional Palestina e canalizar verbas para as forças leais ao presidente Mahmoud Abbas.
"Nossas alternativas são limitadas e quase todas são ruins", disse Martin Indyk, ex-embaixador dos EUA em Israel.
A secretária de Estado, Condoleezza Rice, telefonou a Abbas e disse que seu país o apoiaria em seus esforços para manter o controle da situação. O porta-voz da diplomacia americana, Sean McCormack, disse ser fundamental o fortalecimento de uma liderança que dialogue com Israel.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, lançou do Cairo um apelo para "a cessação imediata" dos combates em Gaza, caso se queira evitar "um desastre". A Liga Árabe convocou para hoje reunião dos ministros do Exterior dos países membros para discutir a crise.
Em Bruxelas, a União Européia suspendeu os projetos humanitários que patrocina em Gaza. Eles totalizam US$ 110 milhões, somados às ações na Cisjordânia.
Na presidência da UE, a chanceler alemã, Angela Merkel, disse que a Europa e seu país serão afetados pelo conflito. Ela telefonou a Abbas e o apoiou em suas tentativas de estabilizar a situação em Gaza. Telefonou também ao rei Abdullah, da Jordânia.
Em Londres, a secretária do Exterior, Margaret Beckett, qualificou o confronto entre facções palestinas de "sem sentido" e de "uma tragédia".


Com agências internacionais


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