São Paulo, sexta-feira, 15 de junho de 2007

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Morre Waldheim, líder austríaco manchado por vínculo nazista

Morto aos 88 anos, ele foi secretário-geral da ONU e presidente de seu país

DA ASSOCIATED PRESS

Kurt Waldheim, cujo legado como secretário-geral das Nações Unidas foi maculado por acusações de que pertencera a uma unidade do Exército alemão envolvida em atrocidades nos Bálcãs, durante a Segunda Guerra Mundial, morreu aos 88 anos, em sua casa em Viena, de parada cardíaca.
Waldheim, que foi secretário-geral da ONU entre 1972 e 1981, teve de enfrentar as primeiras denúncias quanto à sua participação em atrocidades de guerra ao disputar a Presidência da Áustria, em 1986. Em sua biografia oficial, ele negava ter servido nos Bálcãs. Depois, confrontado por documentos divulgados pelo Congresso Mundial Judaico, alegou que ele e os demais austríacos da unidade alemã estacionada na região em 1942 e 1943 estavam apenas cumprindo seu dever.
Em 1988, uma comissão internacional de seis historiadores indicados pelo governo austríaco para investigar o histórico de Waldheim afirmou não ter encontrado provas de que o presidente tivesse cometido crimes de guerra. Mas deixou claro que a ficha dele não poderia ser considerada limpa, já que ele esteve "diretamente próximo de ações criminosas".
O Congresso Mundial Judaico publicou documentos nos quais demonstrava que a unidade de Waldheim matou civis e guerrilheiros antifascistas. Alguns dos documentos portavam a assinatura ou a rubrica do político austríaco. Mas ele continuou insistindo em que seu papel era apenas verificar a autenticidade dos relatórios, e não agir com base nas informações ou dar ordens.
Posteriormente, jornais iugoslavos publicaram uma reprodução de um documento de 1947 no qual o nome de Waldheim estava incluído em uma lista de oficiais alemães participantes de uma operação no monte Kozara (norte da Bósnia) que teria causado a morte de 68 mil pessoas -23 mil delas crianças.
Waldheim havia declarado originalmente que estava por trás das linhas, perto de Kozara. Mais tarde, alegou ter passado por um momento de confusão geográfica.
A eleição de Waldheim à Presidência austríaca causou controvérsia no país. No seu mandato (1986-1992), a Áustria foi em geral ignorada pelos líderes internacionais. Antes do escândalo, Waldheim serviu dois mandatos de cinco anos como secretário-geral da ONU, mas a China vetou sua tentativa de um terceiro mandato.


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