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Morre Waldheim, líder austríaco manchado por vínculo nazista
Morto aos 88 anos, ele foi secretário-geral da ONU e presidente de seu país
DA ASSOCIATED PRESS
Kurt Waldheim, cujo legado
como secretário-geral das Nações Unidas foi maculado por
acusações de que pertencera a
uma unidade do Exército alemão envolvida em atrocidades
nos Bálcãs, durante a Segunda
Guerra Mundial, morreu aos 88
anos, em sua casa em Viena, de
parada cardíaca.
Waldheim, que foi secretário-geral da ONU entre 1972 e
1981, teve de enfrentar as primeiras denúncias quanto à sua
participação em atrocidades de
guerra ao disputar a Presidência da Áustria, em 1986. Em sua
biografia oficial, ele negava ter
servido nos Bálcãs. Depois,
confrontado por documentos
divulgados pelo Congresso
Mundial Judaico, alegou que
ele e os demais austríacos da
unidade alemã estacionada na
região em 1942 e 1943 estavam
apenas cumprindo seu dever.
Em 1988, uma comissão internacional de seis historiadores indicados pelo governo austríaco para investigar o histórico de Waldheim afirmou não
ter encontrado provas de que o
presidente tivesse cometido
crimes de guerra. Mas deixou
claro que a ficha dele não poderia ser considerada limpa, já
que ele esteve "diretamente
próximo de ações criminosas".
O Congresso Mundial Judaico publicou documentos nos
quais demonstrava que a unidade de Waldheim matou civis
e guerrilheiros antifascistas.
Alguns dos documentos portavam a assinatura ou a rubrica
do político austríaco. Mas ele
continuou insistindo em que
seu papel era apenas verificar a
autenticidade dos relatórios, e
não agir com base nas informações ou dar ordens.
Posteriormente, jornais iugoslavos publicaram uma reprodução de um documento de
1947 no qual o nome de Waldheim estava incluído em uma
lista de oficiais alemães participantes de uma operação no
monte Kozara (norte da Bósnia) que teria causado a morte
de 68 mil pessoas -23 mil delas
crianças.
Waldheim havia declarado
originalmente que estava por
trás das linhas, perto de Kozara. Mais tarde, alegou ter passado por um momento de confusão geográfica.
A eleição de Waldheim à Presidência austríaca causou controvérsia no país. No seu mandato (1986-1992), a Áustria foi
em geral ignorada pelos líderes
internacionais. Antes do escândalo, Waldheim serviu dois
mandatos de cinco anos como
secretário-geral da ONU, mas a
China vetou sua tentativa de
um terceiro mandato.
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