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Oposição teme proscrição na Venezuela
Em ano de eleições regionais, principais candidatos antichavistas podem ser declarados inelegíveis por Justiça eleitoral
Lista, que inclui candidato a governo de Caracas, veta postulantes por serem alvos de processos, embora lei só proíba condenados no pleito
Pedro Rey-3.jun.08/Efe
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O prefeito de Chacao, Leopoldo López, em encontro com crianças; ele é um dos 400 inabilitados nas eleições na Venezuela
FABIANO MAISONNAVE
DE CARACAS
Aos 37 anos, Leopoldo López,
prefeito de Chacao (município
de Caracas), é hoje a principal
esperança da oposição venezuelana para as eleições presidenciais de 2012. Com uma administração bem avaliada, lidera com folga as pesquisas de
opinião para se eleger governador da região metropolitana da
capital, em 23 de novembro.
Mas corre o risco de perder os
direitos políticos por nove
anos. E a culpa, diz, é do presidente Hugo Chávez.
López é um dos cerca de 400
nomes da lista de inabilitados
para exercício de funções públicas preparada pelo controlador-geral da República, Clodosbaldo Russián, e entregue
ao Conselho Nacional Eleitoral
(CNE). Todos estão sendo processados por corrupção e irregularidades administrativas.
A oposição acusa Chávez de
estar por trás da lista, já que
89% dos inabilitados são oposicionistas -muitos com chances reais de se elegerem. Estão
ali, por exemplo, o prefeito William Méndez, favorito para o
estratégico governo de Táchira
(oeste), na fronteira com a Colômbia, e o ex-governador
Enrique Mendoza, que planeja
voltar ao comando de Miranda,
estratégico Estado que inclui
parte da região de Caracas.
Em número bem menor, os
inabilitados governistas incluem a vice-ministra de Relações Exteriores para a América
do Norte, declarada inelegível
por três anos. Ela, porém, não
planejava se candidatar.
Com a aproximação do prazo
final para inscrição das candidaturas, a oposição aos poucos
começa a se mobilizar contra as
inabilitações. Há oito dias, várias centenas de manifestantes
saíram pelas ruas de Caracas.
Na quarta-feira, os partidos
oposicionistas Um Novo Tempo (UNT, centro), de López,
MAS (Movimento ao Socialismo, centro-esquerda) e Podemos (esquerda, rompido com
Chávez no ano passado) fizeram uma entrevista coletiva
para defender os inelegíveis.
"Pedimos que o CNE se pronuncie e que aceite a inscrição e
a proclamação [dos inabilitados] sem cercear o caminho",
disse o secretário-geral do Podemos, Ismael Garcia.
Sem condenação
O principal argumento da
oposição é que nenhum dos declarados inelegíveis foi condenado em última instância. Segundo o artigo 65 da Constituição, só perdem o direito a se
candidatar "condenados e condenadas por delitos cometidos
no exercício de suas funções".
Já Russían baseia sua decisão
no artigo 105 da Lei da Controladoria-Geral da República,
que lhe dá poder para "impor,
atendendo à gravidade da irregularidade cometida, sua inabilitação para o exercício de funções públicas por até 15 anos".
López foi sancionado por
dois processos, acumulando
nove anos de inelegibilidade a
partir do momento em que deixar o cargo de prefeito. O primeiro se refere a uma irregularidade ocorrida quando ele trabalhava como analista econômico da PDVSA e teria obtido
um financiamento ilegal da estatal para uma ONG da qual
participava e que anos mais tarde se transformou no partido
oposicionista Primeiro Justiça.
O segundo processo contra
López é por malversação de recursos públicos como prefeito
de Chacao, município mais rico
dos cinco que formam Caracas,
governado por ele desde 2000.
O caso de López e de outros
podem ser decididos na quarta-feira, quando o CNE se reúne
para discutir o caso. Assim como outras instâncias do Estado, o órgão máximo eleitoral é
visto com desconfiança pela
oposição, que considera pró-Chávez 4 dos seus 5 juízes. O
prazo final para a inscrição de
candidaturas é 5 de agosto.
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