São Paulo, domingo, 15 de junho de 2008

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Chávez faz perseguição política, diz prefeito

DE CARACAS

Atualmente o líder oposicionista mais popular da Venezuela, o prefeito de Chacao, Leopoldo López, nega as irregularidades que o levaram a ser declarado inelegível e acusa o presidente Hugo Chávez de perseguição política. Leia, a seguir, a entrevista à Folha. (FM)

 

FOLHA - Por que a oposição acredita que Chávez esteja por trás das inabilitações?
LEOPOLDO LÓPEZ
- A controladoria é governo. Aqui na Venezuela não há divisão dos poderes públicos. O governo controla também a Procuradoria, os tribunais, isso é claramente reconhecido. Para que veja como é uma manobra, vou lhe dar umas cifras. O governo tem 90% dos governos estaduais, 90% das prefeituras, 100% dos ministérios, 100% das fundações, 100% dos institutos autônomos e o controle de todo o Estado, mas a lista da Controladoria é 89% formada por pessoas que pertencem à oposição.

FOLHA - Por que o sr. considera a sua inelegibilidade ilegal?
LÓPEZ
- A inabilitação é baseada numa decisão administrativa do ano 2003, quando estávamos enfrentando um problema de contração econômica. Fizemos uma série de cortes de projetos e assumimos várias dívidas. Uma dívida era o salário dos professores e bombeiros. Tomei a decisão, aprovada pela Câmara Municipal, de reduzir investimentos numa série de projetos e canalizar recursos para professores e bombeiros. A decisão é injusta porque a Constituição estabelece que não podem ocupar cargos de eleição popular as pessoas que foram condenadas. E eu não fui julgado nem condenado.

FOLHA - E com relação à segunda inabilitação?
LÓPEZ
- É um projeto que foi apresentado há 12 anos na PDVSA. Eu estava entrando, tinha 23, 24 anos. Tínhamos uma organização que apoiava juízes de paz. Foi apresentado a um programa do Banco Mundial, que financiava projetos de ONGs para inclusão. Um dólar era colocado pelo Banco Mundial e um dólar pela PDVSA. Era só membro dessa organização, que se converteu em partido político quatro anos depois. Nesse momento, a minha mãe ocupava a função de assinar as autorizações. Ela teve uma trajetória de mais de 30 anos na PDVSA, saiu aposentada. Mas o jurado foi o Banco Mundial, que decidiu os projetos vencedores.

FOLHA - A lista também traz nomes do próprio chavismo.
LÓPEZ
- Mas o curioso é que todas as pessoas do governo inabilitadas continuam exercendo suas funções. E em 2005, houve candidatos a prefeitos e deputados que estavam inabilitados e foram aceitos pelo Conselho Nacional Eleitoral. De fato, no passado, havia eleições nas quais os candidatos ganhavam mesmo estando presos.


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