|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Chávez faz perseguição política, diz prefeito
DE CARACAS
Atualmente o líder oposicionista mais popular da Venezuela, o prefeito de Chacao, Leopoldo López, nega as irregularidades que o levaram a ser declarado inelegível e acusa o presidente Hugo Chávez de perseguição política. Leia, a seguir, a
entrevista à Folha.
(FM)
FOLHA - Por que a oposição acredita que Chávez esteja por trás das
inabilitações?
LEOPOLDO LÓPEZ - A controladoria é governo. Aqui na Venezuela não há divisão dos poderes
públicos. O governo controla
também a Procuradoria, os tribunais, isso é claramente reconhecido. Para que veja como é
uma manobra, vou lhe dar
umas cifras. O governo tem
90% dos governos estaduais,
90% das prefeituras, 100% dos
ministérios, 100% das fundações, 100% dos institutos autônomos e o controle de todo o
Estado, mas a lista da Controladoria é 89% formada por pessoas que pertencem à oposição.
FOLHA - Por que o sr. considera a
sua inelegibilidade ilegal?
LÓPEZ - A inabilitação é baseada numa decisão administrativa do ano 2003, quando estávamos enfrentando um problema
de contração econômica. Fizemos uma série de cortes de projetos e assumimos várias dívidas. Uma dívida era o salário
dos professores e bombeiros.
Tomei a decisão, aprovada pela
Câmara Municipal, de reduzir
investimentos numa série de
projetos e canalizar recursos
para professores e bombeiros.
A decisão é injusta porque a
Constituição estabelece que
não podem ocupar cargos de
eleição popular as pessoas que
foram condenadas. E eu não fui
julgado nem condenado.
FOLHA - E com relação à segunda
inabilitação?
LÓPEZ - É um projeto que foi
apresentado há 12 anos na
PDVSA. Eu estava entrando, tinha 23, 24 anos. Tínhamos uma
organização que apoiava juízes
de paz. Foi apresentado a um
programa do Banco Mundial,
que financiava projetos de
ONGs para inclusão. Um dólar
era colocado pelo Banco Mundial e um dólar pela PDVSA.
Era só membro dessa organização, que se converteu em partido político quatro anos depois.
Nesse momento, a minha
mãe ocupava a função de assinar as autorizações. Ela teve
uma trajetória de mais de 30
anos na PDVSA, saiu aposentada. Mas o jurado foi o Banco
Mundial, que decidiu os projetos vencedores.
FOLHA - A lista também traz nomes do próprio chavismo.
LÓPEZ - Mas o curioso é que todas as pessoas do governo inabilitadas continuam exercendo
suas funções. E em 2005, houve
candidatos a prefeitos e deputados que estavam inabilitados
e foram aceitos pelo Conselho
Nacional Eleitoral. De fato, no
passado, havia eleições nas
quais os candidatos ganhavam
mesmo estando presos.
Texto Anterior: Oposição teme proscrição na Venezuela Próximo Texto: Filha de desaparecida na Argentina cria próprio grupo Índice
|