São Paulo, quinta-feira, 15 de julho de 2004

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Carro-bomba mata 11 em Bagdá; governador é morto

DA REDAÇÃO

Onze pessoas morreram e 30 ficaram feridas ontem na explosão de um carro-bomba em Bagdá, e o governador de uma das principais cidades iraquianas, Mossul, foi assassinado. O dia em que os iraquianos marcaram a queda da monarquia, em 1958, foi um dos mais violentos no Iraque desde que o país recuperou sua soberania ante a ONU, em 28 de junho.
"Essa é uma agressão crua contra o povo iraquiano", disse o premiê interino iraquiano, Iyad Allawi, ao visitar o local do ataque, na Zona Verde. "Levaremos esses criminosos à Justiça ."
Apesar do discurso recorrente de Allawi, a violência não deu sinal de alívio com a posse do governo interino iraquiano, chamado pela insurgência de "fantoche" dos EUA. Um comunicado em um site islâmico, supostamente assinado pelo terrorista jordaniano Abu Musab Zarqawi, reivindicava a autoria de um ataque com granadas contra a casa de Allawi na semana passada, do qual o premiê saiu ileso, e prometia "continuar perseguindo" o premiê.
Em Tlul al Baj, a 110 km de Mossul, principal cidade do norte do país, o governador Osama Kashmoula e dois guarda-costas foram mortos a tiros em seu carro. Anteontem, o auditor-geral do Ministério da Indústria, Sabir Karim, foi assassinado quando saía de casa, em Bagdá.
Segundo o comando americano, entre os mortos na explosão de ontem estavam quatro guardas iraquianos. Os demais eram civis.
O carro-bomba, carregado com cerca de 450 quilos de explosivos, foi detonado às 9h15 (hora local) em um posto de controle na entrada da Zona Verde, onde ficam alguns dos principais prédios do governo, o quartel-general americano e as embaixadas dos EUA e do Reino Unido. Não foi confirmado se o veículo era dirigido por um terrorista suicida. A explosão abriu uma cratera na rua, destruiu cinco carros e derrubou parte de um muro de proteção.
Allawi disse crer que o atentado seja uma resposta da insurgência à prisão, pelo governo interno, de cerca de 500 criminosos comuns em Bagdá nesta semana. Uma lei emergencial de segurança anunciada na semana passada dá a ele o poder de decretar estado de emergência, suspendendo direitos civis com o objetivo de ampliar seus poderes no combate à insurgência. Mas a incipiente polícia iraquiana e os 160 mil militares da Força Multinacional comandada pelos EUA que permanece no país não têm conseguido conter a escalada da violência.
Em Ramadi, bastião do regime deposto a oeste de Bagdá, insurgentes se confrontaram com soldados dos EUA. Ao menos três pessoas morreram e 19 foram feridas, segundo hospitais locais.

Relatório omitido
Congressistas de oposição acusaram a Casa Branca e a CIA (serviço secreto dos EUA) de se recusarem a dar ao Comitê de Inteligência do Senado o resumo das informações obtidas sobre o Iraque antes da guerra, entregue ao presidente George W. Bush. O painel analisou as informações usadas pelo governo para justificar a guerra e apresentou suas conclusões na última sexta-feira, apontando falhas e exageros.
Segundo congressistas de oposição, o resumo, de uma página, não traz nenhuma das ressalvas colocadas nos relatórios de inteligência. Os democratas afirmam que o texto esclareceria quais as agências de informações que informaram Bush sobre o suposto arsenal proibido iraquiano.
Já os senadores republicanos (governistas) disseram que o texto era irrelevante.


Com agências internacionais e "The New York Times"

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