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ACIDENTE
Embarcação tem mais de 100 tripulantes, que podem ficar sem oxigênio; Marinha diz que desfecho positivo é difícil
Submarino russo fica preso no fundo do mar
DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Um submarino nuclear da Rússia afundou anteontem à noite no
mar de Barents, na costa norte do
país, deixando seus mais de cem
tripulantes presos no interior da
embarcação.
A Marinha russa passou o dia
ontem tentando resgatar o submarino Kursk, que ficou preso no
fundo do mar após um incidente
não explicado durante um exercício militar na região, ao norte do
Círculo Polar Ártico.
Mas, segundo a corporação, as
possibilidades de resgate são pequenas. Os tripulantes correriam
risco de morrer se o oxigênio dentro da embarcação acabasse.
Segundo informações passadas
pelo comando da Marinha à rede
de televisão NTV, haveria 116 pessoas à bordo do Kursk, entre oficiais e marinheiros. Outras fontes
calculavam o número exato de tripulantes entre 107 e 130.
A Marinha não confirmou informações divulgadas pela manhã segundo as quais já haveria
pessoas mortas ou feridas.
O almirante Vladimir Kuroyedov, comandante da Marinha,
disse que o Kursk aparentemente
sofreu danos graves após uma colisão forte, "possivelmente com
outra embarcação estrangeira".
"Apesar dos esforços que estão
sendo feitos, a probabilidade de
um desfecho positivo não é muito
alta", disse ele à agência de notícias russa "Itar-Tass".
Segundo a NTV, a parte da frente do submarino teria sido inundada após a entrada de água pelos
tubos dos torpedos durante um
exercício de tiro. Pela manhã, um
porta-voz da Marinha havia dito
que um problema técnico teria
causado o acidente, mas negou
que a embarcação tivesse sido invadida pelas águas.
Um funcionário de uma empresa contratada para ajudar no resgate do Kursk, entrevistado pela
"Itar-Tass", disse que as observações preliminares do submarino
teriam eliminado a hipótese de
uma colisão tê-lo afundado.
Segundo a agência, ele não excluiu a possibilidade de que uma
explosão tivesse provocado danos
no nariz do submarino, mas afirmou não ser possível definir o que
causou a explosão.
Contatos acústicos
Segundo um porta-voz da Marinha, não haveria contatos por rádio com o submarino, mas "contatos acústicos" por sinais, que indicariam haver gente com vida no
interior da embarcação. Segundo
a "Itar-Tass", foram detectados
golpes dados na parede interior
do submarino.
As autoridades militares russas
não divulgaram a profundidade
em que o submarino se encontrava, mas, segundo uma versão do
governo da Noruega, que também é banhada pelo mar de Barents, o Kursk estaria a 150 metros
de profundidade, o que dificultaria o resgate por causa da forte
pressão da água.
Um porta-voz da Marinha, porém, garantiu que não haveria perigo para a tripulação e que a possibilidade de o trabalho de resgate
ser abandonado não foi cogitada.
O porta-voz das Forças Armadas russas, Igor Dygalo, disse que
o submarino, que entrou em operação há apenas cinco anos, não
levava armas nucleares e que não
haveria riscos imediatos de vazamentos de radiação nem de explosões.
O governo da Noruega disse
que suas medições também não
detectaram nenhum possível vazamento radioativo, mas, por precaução, decidiu entrar em estado
de alerta ontem.
Em casos de emergência como
esse, um submarino teria de voltar à superfície. Mas Dygalo disse
que o Kursk se viu obrigado a baixar ao leito oceânico, o que indicaria que a tripulação perdeu o
controle sobre a embarcação.
O militar russo Vladimir Gundarov disse que os resgates de
submarinos são muito difíceis. As
Forças Armadas russas não contam com submarinos de resgate
modernos, segundo as publicações de referência naval.
Para sair do Kursk, os tripulantes poderiam usar cápsulas de resgate, mas também poderiam ser
obrigados a escapar, segundo ele,
nadando pelos tubos dos torpedos. A ação requer equipamento
especial por causa da grande profundidade e da baixa temperatura
da água.
Segundo a "Itar-Tass", a Marinha russa enviou para o local dez
submarinos menores. Um equipamento especial chamado Kolokol (sino, em russo) teria sido
acoplado ao Kursk para fornecer
oxigênio e energia à embarcação.
O equipamento também poderia
auxiliar a saída dos tripulantes em
caso de necessidade.
Segundo o comando da frota a
que pertence o Kursk, as equipes
russas de resgate teriam recursos
suficientes para trabalhar sem ter
de recorrer a ajuda externa.
Segundo alguns oficiais da Marinha, a decisão final sobre o procedimento a ser adotado na operação de resgate poderia ser tomada somente hoje.
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