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TURCOMENISTÃO
País de Niyazov é o mais pobre da ex-URSS
Na Ásia, ditador amplia adolescência por decreto e põe seu nome em mês
DA REDAÇÃO
Saparmurad Niyazov, ou Turkmenbashi, o Grande, ditador do
Turcomenistão (Ásia Central), já
dava seu nome a cidades, ruas e
aeroportos. Seu retrato aparece
como ícone na TV estatal, no dinheiro, em garrafas de vodca e em
pacotes de chá. Agora, janeiro será chamado de Turkmenbashi
(pai de todos os turcomanos), e
abril terá o nome de sua mãe,
Gurbansoltan-edzhe.
"Vamos voltar a nossas raízes",
afirma Niyazov. Nesse esforço para criar uma identidade turcomana, ele pretende agora reclassificar as idades dos seus cidadãos.
A adolescência durará até os 25
anos; de 49 a 62, todos terão "a
idade do profeta"; de 62 a 73, "a
idade da inspiração"; de 73 a 85, a
idade das barbas brancas; e de 97
a 109, "a idade de Oguz Khan"
(um líder de clã que governou os
ancestrais dos turcomanos).
Poucos devem chegar à "idade
de Oguz Khan", pois a expectativa
de vida no país é de 62 anos para
os homens e 68 para as mulheres.
Niyazov, que está no primeiro
ano da "idade da inspiração", havia feito essas propostas na semana passada, durante o encontro
do Conselho do Povo, uma assembléia com 2.000 delegados indicados por ele e que é o mais alto
corpo consultivo do país. Depois,
resolveu acabar com a farsa e fez
as mudanças por decreto.
A mais pobre das antigas repúblicas soviéticas, com cerca de 4,2
milhões de habitantes (77% turcomanos e minorias uzbeques e
russas), o Turcomenistão nunca
havia sido um país independente
antes da derrocada do império
comunista soviético, em 1991.
Desde então, Niyazov, que era
líder do Partido Comunista desde
1985 -ou seja, governava o
país-, vem sendo "reeleito" com
porcentagens do eleitorado nunca menores do que 99%.
Quinta-feira passada, o Conselho do Povo o aclamou, por unanimidade, presidente vitalício.
Docemente constrangido, ele recusou a honraria e prometeu outra "eleição" para 2008.
A Anistia Internacional denuncia a perseguição do regime contra oposicionistas, contra membros de religiões minoritárias
-os muçulmanos sunitas são
88% da população- e a falta de
liberdade de expressão.
Dizendo que eram expressões
culturais contrárias às tradições
turcomanas, o presidente proibiu
o balé, a ópera e o circo.
O culto à personalidade e a falta
de tolerância com qualquer tipo
de oposição levaram o Departamento de Estado dos EUA a classificar o seu regime como de "um
autoritarismo do estilo soviético",
talvez só comparado ao regime
norte-coreano de Kim Jong-il.
Mas Washington não crê que o
Turcomenistão seja parte do "eixo do mal" (Irã, Iraque e Coréia
do Norte). Niyazov ganhou alguns pontos com os americanos
ao ceder espaço aéreo e passagem
de tropas durante a operação contra o vizinho Afeganistão.
Com agências internacionais
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