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IRAQUE OCUPADO
Órgão aprova nova resolução sobre Iraque
Conselho de Segurança da ONU reconhece conselho iraquiano
DE NOVA YORK
Após conturbada negociação, o
Conselho de Segurança (CS) da
ONU enfim reconheceu formalmente o Conselho de Governo
Iraquiano, criado no mês passado
no país, como queria o governo
norte-americano.
A medida, porém, não contentou totalmente nenhum dos lados. Os EUA, autores do texto, tiveram de trocar o principal verbo
da resolução.
Em vez de dizer que a ONU "endossa" o novo Conselho de Governo Iraquiano, o texto fala em
"dar as boas-vindas" ("welcomes") ao órgão, de 25 membros,
estabelecido pela administração
dos EUA e submetido a seu representante no Iraque, Paul Bremer.
A França queria que a resolução
aumentasse o poder da ONU no
Iraque e que estabelecesse um
cronograma para a transferência
do poder aos iraquianos.
O texto aprovado desagradou
também ao mundo árabe, a ponto
de a Síria, única representante do
grupo entre os 15 membros do
Conselho da ONU, decidir se abster na votação de ontem -motivo pelo qual o resultado foi 14 a 0.
Segundo relato da agência Reuters, o presidente da Síria, Bashar
al Assad disse ontem em Damasco que seu país "está comprometido com a posição árabe de não
reconhecer o conselho interino
porque ele não é uma entidade independente".
A discussão sobre o grau de
apoio ao conselho iraquiano é importante porque alguns países
consideram que, ao não legitimá-lo por completo, a ONU mantém
a pressão sobre os EUA para que
desocupem o Iraque.
Os EUA, porém, têm argumentado que a lógica é outra. "Ao expressar apoio ao Conselho de Governo Iraquiano, isso deixará
mais próximo o dia em que a população do Iraque estará no controle total de sua vidas, uma condição que não conheceram por
três décadas", disse ontem o embaixador dos EUA na ONU, John
Negroponte, após a votação.
Além disso, a negociação em
torno dessa nova resolução tocou
ainda em outro ponto importante
nas discussões do CS da ONU sobre o Iraque: a extensão do poder
da ONU sobre a reconstrução do
país. Hoje, a autoridade está nas
mãos da coalizão anglo-americana, com o brasileiro Sérgio Vieira
de Mello, enviado da entidade,
ocupando um papel de apoio.
Novamente, os EUA conseguiram evitar a aprovação de uma
medida que mudasse esse panorama. Segundo relato publicado
ontem pelo jornal "The New York
Times", Washington está cada
vez mais distante de aceitar dividir o poder com a ONU -embora não tenha assumido nenhum
compromisso público, o governo
dos EUA chegou a discutir essa
possibilidade.
Por outro lado, os EUA não
conseguiram ainda sinais de comprometimento significativo de
tropas de outros países na operação iraquiana, algo que já foi pedido inclusive em reuniões do CS da
ONU. Internamente, ganha força,
aos poucos, o movimento pedindo a volta dos soldados americanos.
(ROBERTO DIAS)
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