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São Paulo, sexta-feira, 15 de agosto de 2003

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IRAQUE OCUPADO

Órgão aprova nova resolução sobre Iraque

Conselho de Segurança da ONU reconhece conselho iraquiano

DE NOVA YORK

Após conturbada negociação, o Conselho de Segurança (CS) da ONU enfim reconheceu formalmente o Conselho de Governo Iraquiano, criado no mês passado no país, como queria o governo norte-americano.
A medida, porém, não contentou totalmente nenhum dos lados. Os EUA, autores do texto, tiveram de trocar o principal verbo da resolução.
Em vez de dizer que a ONU "endossa" o novo Conselho de Governo Iraquiano, o texto fala em "dar as boas-vindas" ("welcomes") ao órgão, de 25 membros, estabelecido pela administração dos EUA e submetido a seu representante no Iraque, Paul Bremer.
A França queria que a resolução aumentasse o poder da ONU no Iraque e que estabelecesse um cronograma para a transferência do poder aos iraquianos.
O texto aprovado desagradou também ao mundo árabe, a ponto de a Síria, única representante do grupo entre os 15 membros do Conselho da ONU, decidir se abster na votação de ontem -motivo pelo qual o resultado foi 14 a 0.
Segundo relato da agência Reuters, o presidente da Síria, Bashar al Assad disse ontem em Damasco que seu país "está comprometido com a posição árabe de não reconhecer o conselho interino porque ele não é uma entidade independente".
A discussão sobre o grau de apoio ao conselho iraquiano é importante porque alguns países consideram que, ao não legitimá-lo por completo, a ONU mantém a pressão sobre os EUA para que desocupem o Iraque.
Os EUA, porém, têm argumentado que a lógica é outra. "Ao expressar apoio ao Conselho de Governo Iraquiano, isso deixará mais próximo o dia em que a população do Iraque estará no controle total de sua vidas, uma condição que não conheceram por três décadas", disse ontem o embaixador dos EUA na ONU, John Negroponte, após a votação.
Além disso, a negociação em torno dessa nova resolução tocou ainda em outro ponto importante nas discussões do CS da ONU sobre o Iraque: a extensão do poder da ONU sobre a reconstrução do país. Hoje, a autoridade está nas mãos da coalizão anglo-americana, com o brasileiro Sérgio Vieira de Mello, enviado da entidade, ocupando um papel de apoio.
Novamente, os EUA conseguiram evitar a aprovação de uma medida que mudasse esse panorama. Segundo relato publicado ontem pelo jornal "The New York Times", Washington está cada vez mais distante de aceitar dividir o poder com a ONU -embora não tenha assumido nenhum compromisso público, o governo dos EUA chegou a discutir essa possibilidade.
Por outro lado, os EUA não conseguiram ainda sinais de comprometimento significativo de tropas de outros países na operação iraquiana, algo que já foi pedido inclusive em reuniões do CS da ONU. Internamente, ganha força, aos poucos, o movimento pedindo a volta dos soldados americanos. (ROBERTO DIAS)


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