São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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EUA montam cerco à Colômbia


Estratégia americana para enfrentar narcotráfico e guerrilha prevê instalar bases militares próximas a solo colombiano, para coletar informações e fazer operações de vigilância; intervenção direta em grande escala é descartada.


CLÓVIS ROSSI
enviado especial a Bogotá


Uma "charge" publicada terça-feira pelo jornal colombiano "El Espectador" resume à perfeição o ambiente que se vive no país. Mostra um homem feliz da vida por ter enriquecido vendendo "T-shirts" com a inscrição "yankees, come home" (literalmente: ianques, venham para casa) sobre um mapa da Colômbia.
É um nítido reflexo de que há no país uma expectativa, constante e crescente, de que os Estados Unidos enviarão tropas para acabar com uma guerra civil que já dura 40 anos e, só nos últimos 15, causou a morte de ao menos 22 mil pessoas.
Se por ianques se entender os "marines", os fuzileiros navais, o pedido da hipotética camiseta não será atendido.
A idéia de uma intervenção militar norte-americana "é coisa totalmente de loucos", jura Thomas Pickering, secretário-adjunto de Estado dos EUA.
Ninguém que a Folha tenha ouvido na Colômbia duvida dele.
"Um desembarque de marines é hipótese totalmente descartável", diz, por exemplo, o sociólogo Alfredo Rangel, especialista em segurança nacional.
O que os Estados Unidos estão montando é uma espécie de cordão sanitário em torno da Colômbia, na forma de um punhado de bases militares cujo foco principal é a vigilância e a coleta de informações sobre o narcotráfico (ver mapa na pág. 1-18).
É o que diz, entre outros documentos, informe dos serviços de inteligência da Venezuela, publicado quarta-feira pelo jornal "El Nacional".
Para os militares venezuelanos, os Estados Unidos preparam na Colômbia o que o jargão militar chama de "guerra de baixa intensidade". Tradução concreta: um reduzido contingente militar, mas uma grande assistência em recursos financeiros, treinamento, equipamento e inteligência.


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