São Paulo, Domingo, 15 de Agosto de 1999
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O GOVERNO
Aposta do presidente se mostra arriscada

do enviado especial a Bogotá

O principal ator da crise colombiana, o governo do presidente Andrés Pastrana, é também o mais acossado: apostou tudo no processo de paz, entregou à guerrilha 42 mil km2 de território (um Estado do Rio de Janeiro), sem nada pedir em troca, e não parece ter um plano B para a hipótese de fracasso do processo.
Um ano após a posse, 72% dos colombianos desaprovam a gestão Pastrana e 67% discordam da condução do processo de paz.
Porcentagem ainda maior (78%) discorda do tratamento que Pastrana dá ao quarto ator do drama, os paramilitares.
Carlos Castaño, líder das AUC (Autodefesas Unidas de Colômbia), grupos paramilitares de extrema direita, assume a prática de atos criminosos.
"Cobramos dos narcotraficantes e deles exigimos recursos", disse Castaño, em entrevista dada ao jornal argentino "Clarín".
O líder extremista disse também que seus grupos são apoiados por "fazendeiros, comerciantes e gente de bem".
Na verdade, os paramilitares cobram deles uma taxa mensal para protegê-los (e as suas empresas).
Um estudo do Departamento Nacional de Planejamento informa que as AUC contam com cerca de 9 mil soldados e, seu inimigo, a guerrilha, 20 mil (6 mil menores). As Forças Militares, incluída a polícia, têm 250 mil efetivos.
A grande vítima do conflito é a população civil, que paga ou com a vida ou com a perda de suas casas o fato de estar no meio do fogo cruzado.
De acordo com um estudo da Consultoria para Direitos Humanos e Deslocamentos, 835 mil pessoas foram deslocadas pela força de suas residências, como consequência da guerra, entre os anos de 1995 e 98.
Dá 2% da população. No Brasil, equivaleria a 3,2 milhões de "desplazados". (CR)

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